É um livro leve, mas não ligeiro - no sentido de literatura light -, este "Como Proust pode mudar a sua vida", de Alain de Botton (1969). Comparável ao que eu chamo um "vinho de varanda", um rosé agradável para beberricar no Verão. Mas que não levaríamos para o solene interior de uma mesa, com convidados, mesmo que fossem amigos. E a refeição fosse ligeira.
É um livro para ler em férias, na praia, porque não obriga a grande concentração, embora esteja juncado de citações proustianas e, desagradavelmente, as não destaque (faltam as aspas, ou o itálico) nem as localize, como seria devido e de norma. A Dom Quixote teve também o mau gosto de imprimir, logo na capa (canto superior esquerdo): "«Deslumbrante» John Updike", como a recomendar - fez mal, e é saloio. Por outro lado, há ilustrações, no interior da obra, perfeitamente inúteis e despropositadas. Apelidam Alain Botton de filósofo, o que me parece uma enorme falta de rigor. É por isso um livro tocado por imperfeições várias.
Dito isto, com intuitos de advertência e recomendação condicionada, para ser justo, terei também de dizer que é um livro que se lê com muito agrado, e sem sacrifício, pelo gosto de ler. Desliza fluidamente a nossos olhos, provoca associações interessantes. E, além disso, para quem não consegue (como eu) ler "À la recherche du temps perdu", familiariza-nos com a obra de Marcel Proust. Publicado em 2009, "Como Proust pode mudar a sua vida", de Alain de Botton, é um livro de férias, para ler na praia.
Não lhe devemos pedir muito, mas dá-nos alguma coisa: pelo menos, o prazer de uma leitura leve. Também pode acompanhar um "rosé", num fim de dia calmoso, numa esplanada visitada pela ligeira brisa marítima. Livro e "rosé" estão bem, um para o outro...