Arrumos de época própria, fazem-me deparar com um JL do período de 25 de Julho a 7 de Agosto de 2001 (a primeira data gralhada na capa). É o nº 804, do ano XXI. Dá para ver a efemeridade das coisas e o eco amortecido ou sepultado do que terá sido "importante", aqui há dez anos atrás - não vale a pena correr pela moda muito presente e demasiado actual... Dos best-sellers de ficção (10) passo a referir os 5 mais vendidos (alguém se lembrará deles?):
1 - Gaby Hautmann: "Um amante a mais ainda sabe a pouco" (Quetzal).
2 - Edith Wherton: "Sono Crepuscular" (Asa).
3 - Marion Zimmer Bradley e Diana L. Paxton: "A Sacerdotisa de Avalon" (Rocco).
4 - Luísa Castel-Branco: "Luísa" (Oficina do Livro).
5 - Brian Gallaghr: "Marido Infiel" (Presença).
As duas notícias em destaque, neste JL, são: "Os 5 anos da CPLP: Balanço e Perspectivas" e a atribuição do Prémio Camões a Eugénio de Andrade, com testemunhos e artigos de Eduardo Lourenço, Arnaldo Saraiva e José Tolentino Mendonça. O JL traz ainda 3 poemas inéditos do Poeta. Transcrevo um deles que não sei se terá tido inclusão e posterior impressão em livro. Tem como título "À beira da água" e está datado da Foz do Douro (27. 8. 2000). Segue:
Estive sempre sentado nesta pedra
escutando, por assim dizer, o silêncio.
Ou no lago cair um fiozinho de água.
O lago é o tanque daquela idade
em que não tinha o coração
magoado. (Porque o amor, perdoa dizê-lo,
dói tanto! Todo o amor. Até o nosso,
tão feito de privação.) Estou onde
sempre estive: à beira de ser água.
Envelhecendo no rumor da bica
por onde corre apenas o silêncio.