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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Pequena história (51)


Sendo muito conhecido, o quadro Guernica, de Pablo Picasso (1881-1973), é talvez comparável, em notoriedade, à célebre Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Enquanto este último tinha, no entanto, um objectivo individualizado, como retrato, o primeiro foi executado (1937) para exprimir a revolta por um massacre colectivo, perpretado pela aviação nazi, em apoio de Franco.
Sem absoluta garantia de veracidade, há um pequeno episódio associado à pintura, referido por várias fontes, nomeadamente, pelo crítico literário inglês V. S. Pritchett (1900-1997), que o conta, num trabalho que escreveu, a propósito de Goya, incluido em The Complete Essays (Chatto & Windus, 1991).
Assim: durante a ocupação de Paris, em 1940, um oficial nazi, de visita ao estúdio de Picasso, ao contemplar Guernica, terá perguntado - Vous avez fait ça, n'est-ce pas? Ao que o Pintor terá respondido: Non, monsieur, c'était vous.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Iconografia moderna e laica (2) : o massacre dos inocentes


O Massacre dos Inocentes é referido por S. Mateus (2; 16). No treslado iconográfico, para o nosso tempo, pretendi lembrar o bombardeamento, pela esquadrilha Condor, da pequena cidade de Guernica, a 26 de Abril de 1937, através do quadro de Picasso. Como poderia recordar o massacre de Srebrenica, em 8 de Março de 1995, mas as imagens fotográficas são excessivamente chocantes. O facto é que a Humanidade se repete, nos seus actos mais hediondos, de tempos a tempos, indefinidamente.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O castanheiro de Anne Frank, como motivo


O "Diário de Anne Frank" publicado pelo pai, em 1947, que foi o único sobrevivente da família - morta em campos de concentração - , foi um livro de leitura transversal a muitos jovens, e das obras mais traduzidas no mundo. Em Portugal, traduziu-o Ilse Losa, para a Livros do Brasil.
Na ausência de notícias mais importantes, o jornal "Público" de hoje, na última página, destaca e refere a morte definitiva e queda, motivada por uma tempestade em Amesterdão, do castanheiro secular que Anne Frank, quando escondida com a família, num sótão, para escapar aos nazis, via da sua janela. Fala dele, aliás, algumas vezes, no seu diário ("O castanheiro está coberto de flores e acho-o ainda mais belo do que no ano passado", 13/5/1944). Na sua existência limitada e claustrofóbica, em plena adolescência, era um sinal de beleza e mudança.
As árvores foram sempre portadoras de esperança, tiveram valores simbólicos e eram, muitas vezes, sinal de estabilidade e permanência na mudança (vida/morte), ao olhar humano, e apoio à imaginação devota. Da árvore de Jessé à figueira de Judas, do carvalho de Guernica (que inspirou a Wordsworth, em 1810, um poema: "Oak of Guernica! Tree of holy power..."), resistente ao bombardeamento de 1937, até à oliveira da Colegiada de Guimarães; do olmo de Antonio Machado ("Al olmo viejo hendido por el rayo / y en su mitad podrido...") à azinheira de Fátima, as árvores perpetuam-se no coração dos homens. Ou na adolescente e vibrante esperança de Anne Frank. Mas os homens envelhecem e morrem, algumas árvores conseguem ser centenárias e, mesmo, milenares. Parecem eternas aos homens, ou para usar palavras e lembrar Sá de Miranda:

"...Eu vira já aqui sombras, vira flores
vi tantas águas, vi tanta verdura,
as aves todas cantavam d' amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mestura,
também mudando-m'eu fiz doutras cores;
e tudo o mais renova: isto é sem cura."

P. S.: para c. a., que anda a reler Sá de Miranda. E faz muito bem.