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domingo, 7 de julho de 2019

Prémios literários


Raramente a atribuição de prémios é consensual, muito especialmente, os galardões literários. Mas também as recusas despertam polémica - estou a lembrar-me de Jean-Paul Sartre e Herberto Helder, por exemplo, que devem estar na memória de muita gente.
A imagem que encima este poste reproduz, parcialmente, a carta enviada a Marcel Proust (1871-1922), a comunicar-lhe a atribuição do Prémio Goncourt, em 10 de Dezembro de 1919, pela sua obra À l'ombre des jeunes filles en fleurs. Ora, este prémio foi dos que mais polémica causou.
O concorrente mais chegado de Proust, ao Prémio Goncourt, era Roland Dorgelès (Les croix de bois) que estivera nas trincheiras, e estava-se no rescaldo da I Grande Guerra, em que Proust não tomara parte. Este, obtivera 6 votos, enquanto Dorgelès só conseguira 4, do júri Goncourt.
Mas Proust foi muito atacado, sobretudo na imprensa e no Bulletin de l'Association générale des mutilés de la guerre. Chamaram-lhe snob e burguês. Em La Revue de Paris, a propósito da extensão do livro, Fernand Vandérem falou de "éléphantiforme". Um jornal referiu: "Proustitution"...
Hoje, a obra de Marcel Proust, no entanto, é consensual e ele pode continuar a dormir descansado.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Pequena história (26)


Apesar de ter um valor meramente simbólico (cerca de 10 euros), o Prémio Goncourt é talvez o prémio literário mais prestigiado de França, pela isenção - fora dos circuitos editoriais - que preside à escolha do agraciado. O prémio criado  em 1896, por Edmond Goncourt, em memória do seu irmão Jules, foi atribuído, pela primeira vez, em 1902.
O júri, integrando os nomeados da Academia Goncourt, reúne-se nas primeiras terça-feiras de cada mês, almoçando no Restaurante Drouant, em Paris, onde discute as opções sobre romances publicados em França. E, no início de Novembro, é anunciado o nome do escritor escolhido. O livro vem a constituir, normalmente, um best-seller. Alguns dos autores premiados foram: Marcel Proust, Malraux, Simone de Beauvoir, Vaillant...
Ao que parece, os académicos da Goncourt resistiram, talvez por não apreciarem, ou por lhes parecer moda passageira, a destacar obras da escola dita do Nouveau Roman mas, finalmente, em 1984, resolveram atribuir o Prémio Goncourt a Marguerite Duras, pela sua obra L'Amante. Ao que dizem as más línguas, por interferência exterior de François Mittérrand.
Na altura, Robert Sabatier não resistiu a lançar a diatribe assassina: On a donné Duras à Goncourt.