Eu creio que o trabalho de ilustrador de livros terá que ser, maioritariamente, de pendor figurativo. Mais ainda se os desenhos se destinarem a um público infantil. Fatalmente, esses artistas não ocuparão uma primeira linha, na arte da Pintura e, muitas vezes, serão desvalorizados pelos estudiosos de Arte.
O conhecido e respeitado especialista de arte Kenneth Clark, por exemplo, subvalorizava a obra de gravador e ilustrador de William Blake pelas pequenas dimensões das suas gravuras, para as obras de poesia que editou...
O conhecido e respeitado especialista de arte Kenneth Clark, por exemplo, subvalorizava a obra de gravador e ilustrador de William Blake pelas pequenas dimensões das suas gravuras, para as obras de poesia que editou...
A menos que essa actividade de ilustração tenha sido secundária e uma pequena parte, acessória, da obra do artista - estou a lembrar-me de Botticelli e do seu trabalho para A Divina Comédia, de Dante.
O pintor e ilustrador norte-americano N. C. Wyeth (1882-1945) tinha isso em conta, quando disse: Painting and illustration cannot be mixed - one cannot merge from one into the other.
Isso, no entanto, não obstou, excepcionalmente, a que a sua obra não tenha vindo a integrar, com o tempo, alguns museus americanos e seja considerada, hoje, de grande qualidade, a par dos trabalhos do seu confrade e contemporâneo Norman Rockwell (1894-1978), que também ilustrou muitas obras literárias.
Wyeth colaborou na ilustração de mais de uma centena de livros, muitos deles sobre o Oeste americano como, por exemplo, O último dos moicanos, de James Fenimore Cooper. E eu gosto particularmente do poster Ore Wagon (1907), com um pormenor do condutor da diligência. Ou desta serena paisagem que, em 1934, N. C. Wyeth pintou sobre a zona marítima da Costa do Maine.
Ainda que conservador na execução dos seus trabalhos e pouco inovador, os seus quadros não deixam de ter um estilo e uma qualidade muito própria.