segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Nós, portugueses


Somos dados, nós portugueses, à desmesura, quer seja pela epopeia do sonho e vontade (ainda que com falta de meios), quer pela depreciação invocada das qualidades (tanta vez, por hipocrisia e falsa modéstia).
Entre o vitupério inconsequente em relação aos vivos ("agarrem-me, se não, eu mato-o!") e a lamechice branqueadora e compassiva nos funerais ("ele até nem era má pessoa..."), andamos nisto, há séculos.
Nestas últimas situações, lembro-me, em nome de algum rigor, equilíbrio e corência de uma frase iluminista que, não sendo do Marquês de Pombal, lhe é atribuida, logo após o terramoto: "Enterrar os mortos e cuidar dos vivos" - porque estes últimos são, muitas vezes, os mais esquecidos.

4 comentários:

  1. mesmo! os vivos são tantas vezes esquecidos e basta que alguém morra para que se percam dias na discussão se era bom se era mau. que apesar de mau está morto e por isso merece respeito...não há pachorra... o Marquês de Pombal não o disse mas, com a espírito prático que tinha a frase não lhe cai mal...vamos lá tratar do que importa que são os que cá estão!

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  2. Há muitas formas de nos afastarmos, ou de nos afastarem daquilo que é essencial. Já num antigo Concílio, com os bárbaros à porta, os dignatários da Igreja, de então, discutiam, interminavelmente, sobre o sexo dos anjos...
    Era bom um pouco mais de atenção aos que ainda por cá andam.

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  3. Pois é, depois de mortos são todos pessoas irrepreensíveis... mesmo quando andaram a tramar o seu semelhante, e se mostraram indiferentes à desgraça alheia...

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  4. É a nossa memória fugaz e alguma atávica inconsequência...

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