domingo, 18 de agosto de 2013

Pequena história (23), com texto grande...


O Estado é, por sua própria natureza, uma instituição conservadora. A que, por vezes, acrescenta desconfiança e ingratidão, na forma como olha os cidadãos, que devia servir.
Gustave Caillebotte (1848-1894) foi um francês generoso e um pintor de merecimento. Vindo do Realismo, que nunca inteiramente renegou, aportou com moderação tímida à escola do Impressionismo, mas era amigo de Monet, Renoir, Degas e Sisley, entre outros.
Os seus temas de pintura privilegiaram Paris e os seus arredores, e as figuras humanas, algumas vezes, as classes operárias da sua época, talvez até por contraste, que a sua condição financeira sempre foi desafogada, porque vinha de uma família rica. O facto permitiu-lhe patrocinar algumas, das primeiras exposições dos Impressionistas, mas também adquirir quadros que não tinham sido vendidos nessas mostras.
Formado em Direito, além da sua paixão pela Pintura, tinha interesses muito diversificados: cultivava orquídeas, coleccionava selos, fotografava com gosto e, nos últimos anos da sua breve vida  também se dedicou à jardinagem. Vida curta, mas cheia. Os quadros da sua pinacoteca particular ultrapassavam, largamente, a meia centena.
Quando morreu, repentinamente, o seu executor testamentário, amigo e pintor Renoir, teve o encargo de legar ao Estado francês, para o Museu do Luxemburgo, cerca de 65 pinturas, de grande qualidade. Pois o Estado, liminarmente, recusou-as. Após campanhas, em jornais da época, verberando esta atitude, a intervenção pública de Clemenceau, e depois de 3 anos de duras negociações, limitou-se a aceitar, a contragosto, 38 telas. Que incluíam: 1 Manet, 3 Cézanne, 8 Monet, 2 Renoir, 3 Sisley e 11 Pisarro. Estão, hoje, na sua maioria, no Louvre.
Obsv.: o primeiro quadro é um auto-retrato de Gustave Caillebotte; o segundo (de 1893) pertence a uma colecção particular e não estava incluído na herança que o Pintor  destinou ao Estado francês.


4 comentários:

  1. Gosto muito da pintura de Caillebotte. Os irmão dele tb era artistas: um fotógrafo e o outro músico.

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  2. Também gosto muito de Caillebotte. Essa história demonstra bem como o Estado pode errar e muito...

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  3. Pode dizer-se: uma Família dedicada às artes...

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  4. É uma obra de que se gosta, de imediato.

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