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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Divagações 136


Dificilmente um suicídio se explica, ou justifica. Menos ainda por uma única razão, como Albert Camus defendia, apoiando a hipótese de que a imolação própria é originada por mais do que um motivo pessoal.
Após o suicídio de Sylvia Plath (1932-1963), o marido, também poeta, Ted Hughes (1930-1998), directa ou indirectamente, foi acusado, nos meios intelectuais ingleses, de ter sido o responsável moral pela morte da mulher, que tinha abandonado, pouco tempo antes.
O facto de ter destruido parte do diário da Mulher, corroboraria o sentimento de culpa. Com o tempo, porém, esta ideia de culpabilidade indirecta foi-se atenuando, tendo ganhado força o aspecto de Sylvia ser dada a depressões e, já anteriormente, se ter tentado suicidar.
A recente publicação da correspondência da poetisa coloca novas hipóteses. O penúltimo TLS (nº 6031), em relação ao livro, e, numa recensão de Hannah Sullivan, obriga a repensar o assunto, reforçando com peso, ambas as possibilidades e motivos.
A pergunta mantém-se, por isso: porquê o suicídio?
O mistério rodeia sempre este acto humano capital. Se somos capazes de ensaiar razões bastantes para o suicídio de Camilo, já a morte de Antero de Quental, por exemplo, deixa-nos em quase total obscuridade. Pelo menos, a mim.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O suicídio das corporações


Hoje, os três canais televisivos, nos seus telejornais, dedicaram grande espaço a um caso mediático da Justiça, e adjacências. Além disso, dois dos canais, ainda promoveram debate, um deles, e outro, uma entrevista com a Ministra da Justiça. Não será demais?
Era Unamuno que dizia ser Portugal um país de suicidas. É evidente que se referia a seres humanos e devia ter em mente: Antero de Quental, Camilo, Soares dos Reis, Manuel Laranjeira ... Mas, nos últimos anos, -  ao que temos observado - têm sido notórios os hara-kiris de diversas Corporações (aqui, no bom sentido), num espectáculo de morte assistida na praça pública, através duma antropofagia inter-pares. Professores, Juízes, Homens da Igreja, Políticos, Advogados... Poucas  Corporações escaparam ao suicídio. Até os Arquitectos, normalmente discretos, esboçaram uma tentativa de duelo mortal a propósito de um qualquer projecto de uma eventualmente polémica igreja a construir no Restelo ou Belém.
Eu penso que o que os motiva é a projecção mediática a qualquer preço, porque se fossem razões de fundo, essenciais à profissão, e técnicas, é evidente que as discussões deveriam ser em sede própria, acompanhadas de séria ponderação e discrição profissional.
É obvio que isto contribuiu, tremendamente, para a degradação da imagem das Corporações. Hoje, um professor não goza do prestígio que gozava aqui há 30 anos. Um médico é questionada na sua honra e conhecimentos por um zé-ninguém. Um polícia, em vez de ser respeitado, facilmente é sovado, na rua. Mas é bom lembrar que este denegrir das imagens profissionais começou por dentro, não veio de fora. E embora eu reconheça que se não deve generalizar, e haja em todas as Corporações, profissionais sérios, discretos e competentes, o vulgo não os distingue e a imagem que tem, é de descrédito e desconfiança.