[Juramento de Hipócrates, para recordar]
Olhando para as manifestações
dos últimos tempos, sempre me pergunto onde toda esta gentinha andou,
descansada, durante o tempo de “troicas e pafunços”. Depois, fixando bem o
olhar nas figuras que aparecem nos écrans televisivos, não consigo calar a
minha aversão profunda à falta de dignidade de criaturas que se dizem pertencer
a profissões como médicos, professores, etc. Convenhamos, o respeito
profissional não é um valor adquirido, nem se reclama, resulta, antes de mais, do cumprimento do dever
inerente.
Querendo manifestar-me, hoje,
em plenitude pelo SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE (SNS), confesso que há muito me
incomoda aquela figura que se intitula Bastonário da Ordem dos Médicos, porque,
do seu juramento profissional, pouco ou nada o cidadão comum vislumbra.
Atacando, quase diariamente o
SNS, sem nenhuma proposta concreta para a solução dos problemas, pergunto para
onde o senhor bastonário, sendo médico, como diz, vai enviar a grande maioria
dos utentes do SNS que não têm seguros de saúde, nem outros subsistemas como a
ADSE ?
Relativamente a CUF’s,
Hospitais de Luzes, etc., e sem pretender questionar, publicamente, a qualidade
profissional de algumas pessoas, sucede que o “povinho” anda vislumbrado e
enganado com o aspecto de “centro comercial” das ditas unidades privadas, dos
profissionais, mais novos, na maioria dos casos, mas todos formados em Universidades
Públicas.
Senão vejamos. O tempo de
marcação, para consultas, exames, etc., depende do seguro ou subsistema. Do SNS recebo uma carta em casa com o dia aprazado. O
tempo de espera, no dia da consulta, NÃO é inferior ao de qualquer consulta em
Hospitais públicos.
Numa consulta na CUF, esperei
mais do que o razoável. Passou-me à frente uma pessoa que veio depois, sem mais
explicação. Depois de questionar o médico pela demora, senti que não gostou do
reparo e o atendimento foi mais ou menos gélido. Fiquei, para uns meses, com
uns óculos, que não me têm dado nenhuma
confiança, mas que terei que usar pela quantia paga pelas lentes. Dito isto,
dispenso, mesmo como beneficiária da ADSE os serviços da CUF, na parte da
Oftalmologia.
Outro tanto, talvez pior pelo
pagamento onoroso que sobrou para o SNS, posso testemunhar no caso de umas
ecografias, cujo relatório dos serviços da CUF levantou dúvidas a uma amiga
médica e à nossa, competentíssima e atentíssima, médica de família da Unidade
de Saúde Familiar. O encaminhamento para o Hospital de S. José, para além de
consultas de especialidade, levou à repetição das ecografias no respectivo Hospital, e confirmou,
depois de várias diligências e resultados, que o “textinho” inicial do senhor
Dr. médico da CUF revelava algumas “fragilidades de interpretação”. Sobrou, para
mim, a chatice de repetir o mesmo exame inicial, na CUF, num prazo de 6 meses,
i.e., mais dinheiro em caixa para os privados. Depois, foi no SNS que me atenderam, LIVRES de
enganos de contabilidade espúria, sobrando para o Orçamento do Estado os
“jeitinhos” dos privados no aparente atendimento “amigo do doente” dos
Hospitais Privados.
Tenho pena de o SNS não ter a
capacidade para atender o maior número de exames que os privados utilizam para
captar o doente, indevidamente. O tempo de espera não compensa, e os resultados
não convencem, na maior parte dos casos.
Como dizia um amigo nosso
noutro dia: que nos livrem da ideologia de infantilização e envergonhada
compaixão para com o doente e velhinho, fazendo dele um ser amorfo e ridículo, sem
dignidade própria, como anda por aí nas ruas de Lisboa: “ o pó-pó para o
vô-vô”.
PS: Por conhecimento próprio
e recente, aconselho o Senhor Bastonário a ter mais tino nos seus ataques,
porque o serviço medico prestado aos doentes, designadamente, na Alemanha não é
melhor, nem de maior confiança,