Sandro Botticelli (1446?-1510) cujo apelido, segundo Vasari, terá vindo de uma alcunha do irmão do pintor, que era gordo, e que significa "pequeno pipo", foi aluno de Filippo Lippi, mas cedo adquiriu autonomia artística. Botticelli era um homem perdulário, mas pintor de sucesso na época. Também foi atraído pelo verbo ardente de Savonarola. A estética elegante das suas figuras acrescenta-se, nas suas obras, a uma aérea arquitectura renascentista, de grande beleza - que aprecio muito.
O quadro "Marte e Vénus", pintado por volta de 1485, foi uma encomenda da família Vespucci, e encontra-se, hoje, na National Gallery, de Londres. O alongamento das figuras reclinadas, levado ao extremo por Botticelli, nesta obra-prima, acresce ao contraste entre a tranquilidade e despreocupação do sono de Marte e a vigília atenta (e amorosa?) de Vénus.
Não resisto a citar-me, através dum dístico de Novembro de 1983, inspirado neste quadro do Pintor, incluído em Equilíbrio (pg. 59):
Não acordes a alma de quem dorme
sua contradição por um só rosto.
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