É curioso constatar que escritores, até reconhecidos pela sua generosidade natural, não deixam, contudo, de ter alguns ódios de estimação centrados em confrades da mesma arte. E que exorcisam esse sentimento, com alguma frequência, em conversas mais íntimas, ou mesmo em escritos. É nítida, por exemplo, a antipatia intelectual que George Steiner consagra a E. M. Cioran. Ou a que Cioran, por sua vez, dedicava a Albert Camus. É conhecida a pouca simpatia que Jorge de Sena tinha por Manuel Bernardes, e que considerava pouco inteligente; ou por António Ferreira, que achava um poeta menor - e, aqui, estou quase de acordo com Sena.
René Char (1907-1988), que dedicava uma enorme estima humana e literária a Albert Camus e Saint-John Perse, desprezava, intelectualmente, Valéry e não apreciava nada Aragon. Li, há pouco tempo, um pequeno episódio, narrado por Jean Pénard ("Rencontres avec René Char", 1971), que passo a citar: "...René Ménard n'a décidément pas de chance. Il compare Rafael Alberti à Federico García Lorca. Emportement imédiat de Char: «Comment pouvez-vous les mettre l'un prés de l'autre? García Lorca avait le chant. Alberti ne l'a jamais eu.» Il prononce ces mots avec violence et gravité. ..."
Parece-me que René Char não estava sozinho a depreciar Aragon.
ResponderEliminarParece que se considerava um Papa, na sua infalibilidade...
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