"Tudo isto entra no mesmo plano de não-inscrição que atravessa a existência dos portugueses. Compõe-se assim a estranha imagem de um povo com um fundo de barbárie envolvido por inúmeras camadas de cultura (desde o paganismo grego e latino aos celtas e árabes) que não conseguem transformar completamente esse fundo em civilização.
Qualquer coisa de não formado, de tosco, de não acabado pertence ainda à cultura portuguesa de hoje. Qualquer coisa que, no entanto, perdeu a força diante da extraordinária produção cultural popular, que foi absorvendo o fundo bárbaro sem nunca o esgotar, sem nunca o transferir para formas civilizacionais."
José Gil (1939), Portugal, Hoje: O Medo de Existir, pg. 99.
Interessante ideia, adequada ao dia de nevoeiro gélido, fantasmagórico...
ResponderEliminarEmbora os portugueses não sejam muito dados a filosofias (eu próprio, sou um exemplo) acho que José Gil, neste caso, enuncia uma verdade, c.a..
ResponderEliminarE eu concordo consigo. E precisamente por concordar pareceu-me ver uma coincidência feliz entre o teor da reflexão e o dia em que a divulgou, um dia fosco, sem brilho.
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