Uma filigrana, quase perdida entre algumas torres feias de betão, a casa, hoje, cuja planta foi encomendada pelo pintor José Malhoa (1855-1933) ao arquitecto Norte Júnior (1878-1962), teve o prémio Valmor em 1905. Foi adquirida em 1932, pelo oftalmologista Anastácio Gonçalves (1855-1965) que haveria de ter como seus pacientes da vista Aquilino Ribeiro e Ferreira de Castro, bem como Calouste Gulbenkian que também gostava de ver as preciosidades que o médico tinha em casa. Como o quadrinho de Delacroix que Anastácio Gonçalves tinha pousado sobre a sua secretária, representando um cavalo.
Por testamento a casa, já na posse do Estado português, veio a abrir ao público em 1980. Em anos recentes, foi objecto de remodelação que finalizou este ano de 2019, pelo mês de Abril. E eu, que de há muito a queria ver, fui a meio da semana visitar a Casa-Museu Anastácio Gonçalves, finalmente. Interessava-me sobretudo ver pintura, que o pequeno museu possui ainda significativos acervos de porcelana chinesa, mobiliário e ourivesaria.
Como seria natural vi telas de Malhoa, mas a obra de Silva Porto pareceu-me mais representada. Lá está também o célebre "Convite à Valsa" de Columbano e uma delicada aguarela de D. Carlos, "Praia de Cascais", que me deixou encantado.
Discreto e mal iluminado, no patamar intermédio das escadas que dão para o primeiro andar, há um grande quadro, "Narciso" que, atribuído timidamente a Courbet, não dão por garantido...
Nota dissonante e incompreensível, uma grande parte das telas, que talvez estejam um pouco mal arrumadas pelas paredes, não tinham qualquer identificação dos pintores, nem dos títulos.
Não sei como se terá havido um família chinesa que, paralelamente, me acompanhou na visita à Casa-Museu Anastácio Gonçalves. Nem se percebe que o IMC e o Ministério da Cultura não corrijam esta incongruência ou desleixo continuado.
Por isso, não lhe posso dar nota máxima...
Por isso, não lhe posso dar nota máxima...
A última vez que lá fui foi para ver uma exposição sobre o Naturalismo. E antes uma sobre os anos de exílio da Rainha D. Amélia. Gosto muito desta casa-museu e gostei das exposições. Talvez lá vá no próximo fim de semana.
ResponderEliminarAnastácio Gonçalves viajava muito e morreu na URSS, o que pôs o ditador em fúria.
Bom domingo!
Se for, MR, anote a quantidade de telas sem identificação autoral... é um absurdo incompreensível!
EliminarSerá que os quadros superiores da Casa-Museu não têm tempo para investigar as proveniências? E será que a menina Gracinha, da Cultura, nunca lá foi e não viu esta enormidade flagrante?
Fiquei pasmado e não gostei.
Retribuo, com estima.
Há anos que não visito esta Casa-Museu. A ideia que tenho, é que talvez
ResponderEliminarnão tenha tido pessoas à altura para a dirigir. Esteve muito tempo fechada
sem se perceber bem porquê. Mas tenho vontade de a voltar a visitar.
Esta tarde foi para mim um infinito prazer. -Calouste:uma vida,não uma exposição. Fascinante a maneira como está apresentada.Aconselho-a vivamente. Deixei de lado "O gosto pela Arte Islâmica", cheia de gente, e para mim
relativamente pouco apetecível.
Uma boa semana, e se possível vá até à Gulbenkian ver o percurso de vida de
um Homem que tanto deixou a este País.
Tomei boa nota da sua sugestão, que agradeço. E é provável que lá vá na próxima semana.
EliminarNa Casa-Museu houve várias coisas de que não gostei, como referi. Registei outras que apreciei, bem como a afabilidade e conhecimentos dos funcionários presentes, mas discretos.
Retribuo, com estima, os seus votos.
"quase perdida,entre várias torres feias de betão "...que introito...
ResponderEliminarQuem passou a vida a trabalhar com betão e sabe que este é o melhor amigo do homem depois do cão, fica sentido!
Se as coisas feias fossem todas de betão...
Bom, convém lembrar que esta foi uma visita e um poste consagrados à estética e não, propriamente, à construção civil ou às obras públicas.
EliminarEstiveram fechados para obras. Terá sido por isso? Nós estávamos à espera que reabrisse para visitar. Agora já sabemos que está aberta :-)
ResponderEliminarIremos, mesmo com as falhas apontadas, pode ser que entretanto se arrumem e reorganizem melhor.
Bom dia
A não identificação de muitas obras já deve vir de longe... e não se percebe, nem justifica.
EliminarMas vale a pena lá ir, por 4 ou 5 telas. E até ver a cozinha e sala de banho da casa, originais, que foram mantidas integralmente.
Uma boa, futura visita.
Boa tarde.
Volto ao tema da casa Anastácio Gonçalves apenas para continuar a
ResponderEliminarter uma má impressão da maneira como é dirigida. No passado Sábado
lembrei-me de ir visitar a Casa e quando lá cheguei estava fechada.
Pensei ter sido descuidada e não ter verificado o horário. Quando
voltei fui à Internet e não consegui perceber onde estava o horário
bem explicito, como seria óbvio. Há alguns anos estive como voluntária
nesta casa, mas por pouco tempo, pois percebi uma certa desorganização
e pouco fiz, embora tivesse pena, por ser um local bem simpático para
preencher a minha solidão. Aproveitei a tarde de sábado naquela zona,
onde não ia há muito tempo para olhar os prédios, as poucas pessoas
que passavam e um grupinho à frente da Maternidade, talvez esperando
por alguns novos seres que irão viver sabe-se lá como neste mundo
cada vez mais estranho e violento. Peço desculpa por tão longo comentário.
Ainda tenho outra história de voluntariado bem mais agradável, não só pelo
trabalho, como pelo sítio. Fica para uma próxima oportunidade. Boa semana.
Agradeço a sua paciência.
Lamento o sucedido, Maria Franco.
EliminarHá, por esta Casa-Museu, um certo amadorismo profissional, no pior sentido da palavra, bem como um desleixo ocioso da parte de quem a chefia - é notório! E é pena, porque o acervo não merece esta gente assim.
Como sempre - acredite - as suas palavras são sempre bem-vindas e estimulantes. Pois fico aguardando novas do seu outro voluntariado...
Uma boa semana, também. Com estima.