Nos meus tempos de frequentador assíduo de leilões de livros, ficou-me a lembrança de algumas figuras características, nas suas preferências apaixonadas, da singularidade de alguns comportamentos humanos, no aceso das almoedas. Se uns licitadores eram discretos, outros mostravam a sua exuberância ruidosa, outros ainda o seu mau feitio e birras. Quanto a temáticas, havia um discretíssimo licenciado em Farmácia que se abalançava, tenso, a livros quinhentistas, um general na reserva que não perdia uma camoniana, um industrial corticeiro que comprava muito e diverso, um alfarrabista sorumbático que não perdia nunca um lote de livro raro que começasse a licitar...
Quanto a camilianistas, lisboetas, nunca dei por nenhum muito importante, mas havia os que vinham do Norte, quando o leilão era significativo, como este da Soares & Mendonça, que foi organizado pelo alfarrabista portuense Manuel Ferreira. E que tem um gostoso prefácio do bibliófilo e grande jornalista Raul Rêgo (1913-2002), que aqui deixo em partilha, pela sua qualidade intrínseca.
Não faltavam nesta riquíssima almoeda de Fevereiro de 1968, as muito raras edições originais camilianas de A Infanta Capellista (1872) ou do célebre folheto Matricidio sem Exemplo..., (capa em imagem, abaixo) que terão feito porventura as alegrias dos afortunado arrematadores.
Preciosas, as palavras de Raúl Rego.
ResponderEliminarNão tenho esse apego a primeiras edições e livros e catálogos antigos. As palavras só têm que me existir, novas ou velhas mas as mesmas que pensou e escreveu o autor.
A bibliofilia é um prazer que se persegue, um desejo de perenidade.
Quanto à sua última frase, eu diria que, para quem não usa, definir é um atrevimento ingénuo. Redutor e muito primário nos seus termos.
EliminarTem razão, mas definir é também reduzir, o acto de falar é em certo sentido reduzir porque nada sobre que se fala se reduz ao pouco ou muito que dele se diga, a realidade é sempre mais e maior que o dito sobre ela. Ora o que pensei não foi em definir, coisa que não sei fazer em relação ao assunto. Primária é do ser, que não do atrevimento, mas pode contagiá-lo; por certo redutora no que faço, digo e escrevo. E quem não o seja que atire a primeira pedra.
EliminarObrigada, APS. Este catálogo também tenho. :)
ResponderEliminarA bibliografia é amar, estudar os livros e partilhá-los.
Bom domingo!
Estou consigo na classificação..:-)
EliminarFoi um gosto trazer à luz, de novo, este prefácio de R.R.
Uma boa, próxima semana.
Camilo continua a ter mais procura no norte e logo a ser mais valorizado! É normal, visto importantes acontecimentos da sua vida terem acontecido por cá, inclusive aqui no Porto. Uns bons, outros longe disso!
ResponderEliminarO catálogo deste leilão ainda hoje é uma importante ferramenta de trabalho.
Foi agradável reler o prefácio de Raúl Rêgo do qual já não me lembrava!
Bom dia e boa semana.:)
E curiosamente Camilo tinha nascido em Lisboa..:-)
EliminarÉ, na verdade, um catálogo precioso de informações, para além da mais valia das palavras de Raul Rego.
Uma boa semana, também.