O título desta obra de François Mauriac (1885-1970) serviu-me muitas vezes para classificar, sucinto, figuras excessivamente dogmáticas, com alguma ironia; e, outras, para apelidar comportamentos demasiado puritanos. Quarta-feira passada, porém, na nossa habitual tertúlia cordial da semana, o livro veio à mesa na voz de H. N., que o recomeçara a reler, por mero acaso, no meio de uma entediante função de vigilância, rural, de que a família o tinha investido, por rigoroso e sabedor.
O romance de Mauriac logo se lhe impusera pela qualidade narrativa, sobretudo em cotejo com o que vai aparecendo por aí... Vieram-me à memória, por associação, os densos ambientes das minhas leituras passadas dos livros do romancista católico e francês, mas também a obra de Graham Greene (1904-1991) que tinha a mesma confissão religiosa, mas cenários geográficos mais alargados de configuração romanesca. Creio que não é apenas, por cronologia, mas Mauriac está mais esquecido.
Injustamente, creio. Se o inglês Graham Greene, pelos vários continentes, instala no Homem um inato pecado original ou sentimento de culpa que ele carrega inexoravelmente, talvez sem lhe saber a causa, Mauriac é sobre a Mulher que se debruça, quase sempre. Provinciana e prepotente, dominadora e malsã. Manipuladora de famílias e sentimentos num perímetro que se situa, com frequência, em redor de Bordéus. Como se essa geografia trouxesse consigo a raiz do Mal, como marca de um destino fatal.
para H. N., com as melhores lembranças.
O romance de Mauriac logo se lhe impusera pela qualidade narrativa, sobretudo em cotejo com o que vai aparecendo por aí... Vieram-me à memória, por associação, os densos ambientes das minhas leituras passadas dos livros do romancista católico e francês, mas também a obra de Graham Greene (1904-1991) que tinha a mesma confissão religiosa, mas cenários geográficos mais alargados de configuração romanesca. Creio que não é apenas, por cronologia, mas Mauriac está mais esquecido.
Injustamente, creio. Se o inglês Graham Greene, pelos vários continentes, instala no Homem um inato pecado original ou sentimento de culpa que ele carrega inexoravelmente, talvez sem lhe saber a causa, Mauriac é sobre a Mulher que se debruça, quase sempre. Provinciana e prepotente, dominadora e malsã. Manipuladora de famílias e sentimentos num perímetro que se situa, com frequência, em redor de Bordéus. Como se essa geografia trouxesse consigo a raiz do Mal, como marca de um destino fatal.
para H. N., com as melhores lembranças.
De acordo com o explicitado no post até parece um autor interessante.
ResponderEliminarLi muito Mauriac e gostava, mas não me lembro de ter lido este romance. Mas Graham Greene, para mim, está noutro patamar. O seu catolicismo é mais complexo. Lembro-me que só à segunda leitura, feita, com bastantes anos de intervalo, compreendi bem O fim da aventura, que é um dos meus livros preferidos.
ResponderEliminarJá visitei a casa de Mauriac perto de Bordéus. Gosto muito de visitar casas-museus.
Bom dia!
O título da obra é "La Pharisienne", no original. Talvez a MR tenha lido o livro em francês...
EliminarSó comecei a gostar de Graham Greene por volta dos meus 40 anos e, como refere, é um escritor que levanta questões mais profundas. Mauriac é mais "regionalista", embora seja, para mim, também um grande escritor.
Bom fim-de-semana.
Eu também gosto bastante de Mauriac. Não há muito tempo reli Thérèse Desqueyroux, numa ed. da Estúdios Cor.
EliminarBoa tarde!
É um dos romances que mais gosto de Mauriac, bem como de "O Deserto do Amor", embora haja uma versão poruguesa cuja tradução é péssima..:-(
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