Foi uma aquisição muito especial, em que não despendi sequer um cêntimo.
O tesouro, foi HMJ quem o descobriu e me indicou o lugar: na cave da Faculdade de Letras, da Universidade de Coimbra. Da minha parte, apenas a tarefa de escolher, racional e sucintamente, os volumes que mais me interessavam, para trazer. A colheita consubstanciou-se em 5 revistas (melhor dizendo, calhamaços) Biblos (todas por abrir), 2 Boletins Culturais da CMP, 1 Revista Portuguesa de História, 1 folheto e, finalmente, um curioso dossiê de concorrência ao lugar de assistente da disciplina de Paleografia e Diplomática (anos de 1986 e 1998). Este último deve ter ido parar ao monte, por engano...
Gastei cerca de 3 horas, em duas surtidas de 1ª e 2ª escolhas, arrumando a parafernália, que estava disposta de forma caótica numa grande mesa e num balcão de madeira, com centenas de publicações de índole diversa, desde revistas de universidades sul-americanas até publicações de uma instituição cultural búlgara - era um mundo!
Inicialmente, a Biblos estivera marcada a 4 euros, depois remarcaram para 1,5 euros, até que a Faculdade ter-se-á decidido a oferecer, gratuitamente, estes fundos decerto repetidos no seu acervo. Mas nem assim eles desapareceram, que a cultura em Portugal parece andar pelas ruas da amargura...
No tempo que gastei, na vindima, dezenas de estudantes passaram por lá e nem olharam. Apenas duas senhoras de meia idade me fizeram perguntas, folhearam algumas publicações e, rapidamente, abandonaram o local sem levarem nada.
No que trouxe, há colaborações notáveis, artigos interessantíssimos e temáticas muito especiais.
Destaque curioso para o dossiê de candidaturas ao lugar de assistente de Paleografia que contém informações curriculares dos pretendentes e até cartas manuscritas de recomendação de vários professores universitários, muitos deles ainda vivos.
Nem quando é dada a cultura chama a atenção.
ResponderEliminarBom dia
ResponderEliminarÉ verdade, Paula..:-(
EliminarBoa tarde.
Não me importaria nada de pôr os olhos, especialmente, nesse dossiê de candidaturas. Nunca vi nada do género.
ResponderEliminarO dossiê é, realmente, curiosíssimo. Só não referi nomes por uma questão de pudor e discrição.
EliminarVou já dar um salto à Alta… obrigado pela notícia !
ResponderEliminarFaz muito bem!
EliminarEm vez de "vindima", lembrei-me, de "como peixe na água".
ResponderEliminarAgora, será preciso tempo para usufruir de tanta informação.
É verdade, e adopto.
EliminarVou tentar colhê-la e usá-la da melhor maneira.
Que bem que correu a vindima ! No meio de tantos volumes soltos, outros tantos repetidos, por lá aparecem Jorge Dias, Paulo Quintela, Morujão, António Baião, Joaquim de Carvalho, Orlando Ribeiro, Maria Helena da Rocha Pereira, entre outros de igual relevo … depois do tremendo esforço de carregar com tamanho peso (e que peso!), descendo até mais acelerado, quase a tropeçar, as Monumentais, é uma delícia inevitável passar as mãos pelo papel avergoado, ainda novo e muito branco, cheio de bons artigos, alguns dos quais dariam por si só bons livros ou separatas, e com uma qualidade de impressão insuperável - como também se confirma nas reconhecidas publicações da mesma época pela imprensa da "monolítica", com várias tiragens especiais. Grande pena é, como de costume, que falte a paciência (mesmo para mim, um belo exemplar dessa virtude) para desflorar, página por página, os grossos e intermináveis fólios. Que fazer então ? Ir desbastando ao passo da leitura, como quem não quer a coisa, como os sentimentais e os mais enamorados, ou, como de rajada, deixar tudo a céu aberto de uma só vez ? Não sei com que criados ou escravos abriam outros senhores os seus livros. Nem sei se isso era para muitos um prazer secreto, quase erógeno, ou muito simplesmente um terrível enfado. Seja isso como tenha sido, certo é que das cinco pessoas que descartaram os cartapácios, quatro justificaram-se com o peso e o espaço, e uma com a falta de tempo para os abrir. Ninguém pôde, no entanto, apontar o facto de alguém antes de si ter perpetrado tão gravoso crime contra as corpulentas vítimas e a sua pudicícia. Vamos ao vinho! Salve
ResponderEliminarFoi bom que assim tivesse acontecido.
EliminarNão terá sido muito diferente da sua, a minha escolha. Acresce que trouxe, creio, que o último exemplar do Boletim Cultural da CMP, sobre as comemorações henriquinas (1960). Que, para lá dos discursos oficiais, comporta uma excelente iconografia sobre a vida marítima do século XV.
Subscrevo as suas loas à excelência da Biblos: boas colaborações, bom papel, cuidada impressão.
Bom proveito nas leituras!
Tenho a pouca sorte de nunca estar nos sítios onde oferecem livros!😕
ResponderEliminarSe por lá passar, decerto ainda poderá trazer alguns livros...
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