1. "Se a República não for mais do que a continuação da Monarquia sob outro nome, a Monarquia menos o Monarca; se representar as mesmas tradições administrativas e financeiras; as mesmas influências militares e bancárias; se fizer causa comum com a agiotagem capitalista contra o povo trabalhador; se não for mais do que uma oligarquia burguesa e uma nova consagração dos privilégios pelos privilegiados - em tal caso diremos que nos é cordialmente antipática essa pretendida república de antropófagos convertidos."
Antero de Quental, in A República e o Socialismo.
2. "O movimento do 5 de Outubro, na sua intenção, não nos seus resultados, foi feito contra o tipo de governantes que havia estado no poder. Continuar a obra da República é, antes de mais nada, realizar a intenção, não direi que levou os revolucionários a combater, mas que pôs a boa vontade e o aplauso da nação inteira por trás dos revolucionários. (...) ...Republicana, porque a Monarquia, sendo o sistema concentrador de tudo quanto nos atrasou e fez decair, tem de ser mantido fora do poder, de mais a mais, estando ainda seguindo a mesma orientação no exílio, tendo ainda os mesmos vultos que a comprometeram, não tendo ainda mostrado o menor arrependimento pelos defeitos e erros que a afundaram."
Fernando Pessoa, in Da República (1910-1935).
3. A eternização no poder, ao seu grau supremo, de uma família, por meras razões de sangue e passado, não resiste, como ideal ( mesmo respeitando os contos de fadas), a uma análise serena e racional de contraditório. Deixar ao acaso biológico a obrigação de uma continuidade de sucessão humana, no poder, sempre me pareceu contranatura e levar a situações caricatas, quando não, trágicas, na condução, ou mesmo apenas de representação de um Povo ou de uma Nação. Bastaria lembrar, por exemplo e para o efeito, as loucuras de Jorge III, na Grã-Bretanha, ou de D. Maria I, em Portugal. Fiquemos por aqui...
Concordo com as citações que escolheu e com o que escreveu.
ResponderEliminarE mesmo que em República se eleja algum pateta para PR, ou pessoa menos preparada para o efeito, acho isso preferível a uma sucessão de linhagem, sem que o povo se possa pronunciar. Já não era próprio do século XX quanto mais do século XXI.
Tb não me parece saudável, em certos regimes ditatoriais, os filhos sucederem aos pais - caso da Síria, por exemplo. Mas isso tem que ser o povo sírio a resolver.
ResponderEliminarSou 'fanzérrima de Leal da Câmara.
ResponderEliminarAté nas grandes empresas familiares, a sucessão, hoje em dia, não é arbitrária, o que só revela pragmatismo e sensatez..:-)
EliminarTambém gosto imenso da obra de Leal da Câmara.
Bom dia!