"...Os jornais ditos de «referência» (se isso significa hoje alguma coisa) fizeram do eclectismo uma profissão de fé ou uma tentativa de não excluir ninguém, para se dirigirem a um universo alargado de leitores. Daí a impressão que temos de que há «quotas» para toda a gente se sentir representada, sobretudo nas secções de opinião. E este carácter aparentemente abrangente estende-se a todo o jornal, de maneira que o que se obtém é sempre um produto demasiado híbrido, movendo-se num espaço da hesitação que visa contemplar o chamado «leitor médio», cuja existência está tão atestada como a do unicórnio. ..."
António Guerreiro, na crónica Sem sombra de pecado, revista ípsilon (jornal Público, de hoje).
Ainda não li, mas já vejo uma daquelas crónicas ressabiadas. É preciso explicar-lhe que, se há quotas, não há leitor médio. Acredito que os conceitos estatísticos ou matemáticos escapam a esse colunista amargurado, mas a existência de quotas é, precisamente, a negação de que há um "médio": as quotas representam a diversidade. E o problema de Guerreiro, que se arroga independente e intelectualmente incorruptível, não é não ser médio ou escrever para o médi, mas o não se entender bem o que é. Ficando pelo Público, o barbas Tavares, o barbas Pacheco ou o barbas Malheiro são tudo menos "médios", e não agradam às mesmas "quotas". Mas são emotivos qb, enquanto Guerreiro (cuja escrita me agrada, mas só de quamdo em quando) é um ser parecido com um réptil, sempre frio, sempre dissimulado, sempre distante, mas venenoso para quem o pisa.
ResponderEliminarParafraseando um amigo meu, ele precisa é de uma espanhola que lhe dê umas palmadas.
(Tudo isto para me desculpar, mas com estes teclados virtuais apaguei o seu último comentário no Linguado. Se tiver a gentileza de repetir, poderei replicar mordazmente à sua referência à "província"... Hmmpfff...)
Contra o que é habitual, o meu caro A. C., está a ser pouco isento... Ora vejamos, para o sinistro Tavares, há o reluzente Espada, à segunda-feira, para o tripeiro Pacheco, ao sábado, há o alfacinha Valente que, às sextas, tem o Loff para contraditório; nos dias do bochechudo herdeiro do Lomba (será que continuou no Governo?) há o escanhoado Campos, da Saúde, ou o Malhadeiro. Quer mais? O "Público" honra dignamente o provérbio: "Dividir irmãmente, como cães".
EliminarEm tempo: António Guerreiro terá sido despedido do Espesso com a desculpa de que ele não fazia os mínimos do leitor médio. Está bem...
(Irei tentar bisar o comentário no seu Blogue, mais logo)
Não falei nesses porque não têm barba.
ResponderEliminarQuanto a Guerreiro, aplica-se uma frase que li não sei onde: temos um texto para ler, mas interpõe-se a pessoa do seu autor.