[Spätdienst, proposta de tradução: Turno da Tarde]
O autor, prestes a fazer 92
anos no próximo dia 24.3., entrou, embora ao de leve, nas minhas leituras de
adolescência. Nem me lembro do(s) títulos(s) que li, nem sequer me ficou uma
ambiência, o que, com frequência, representa, para mim, a recordação de um bom
escritor.
No entanto, embora Martim
Walser não entrasse nesse mundo de preferência de leituras, julguei, mais uma
vez, que podia tentar acompanhar a criação literária alemã e, sendo ele um
autor ainda vivo, encomendei o seu último livro acima reproduzido.
O livro caracteriza-se por um
conjunto de temas, motivos, com pretensões literárias, em forma de jogos de
palavras e balanço em fim de vida, que, honestamente, seria exercício
embaraçoso dispensável. Os joguinhos, intraduzíveis, acompanhados de tracinhos
infantis da filha do autor e que se encontram na capa e ao longo do livro,
fazem-me lembrar alguns alunos mais afoitos.
Empregavam palavras pela
simples sonoridade que, no contexto usado, não significavam rigorosamente nada.
Essa impropriedade no uso e
combinação de palavras não resulta, de todo, numa obra e muito menos literária.
Faz lembrar uma expressão, que utilizamos para nos referirmos a obras
sensaboronas, ou seja, “é um inconcluso desejo no limiar do transe”.
A idade de Martin Walser já
lhe devia ter dado algum juízo, dormindo bem antes de publicar, anualmente, um
livro, evitando certas críticas que só agora consultei.
Considero, pois, que “este
engano” de alma entra no rol das encomendas infelizes, e que não estaria agora
a fazer monte, se tivesse tido a possibilidade de o consultar antes numa
livraria. Malefício das compras “on-line”.
Post de HMJ
Já me aconteceu. Lembro-me de uma compra infelicíssima de um livro só com reproduções de quadros de James Tissot, sem legendagem. Uma criança não teria feito pior.
ResponderEliminarÀs vezes a idade não traz discernimento. Devia ter sido aconselhado, mas também pode ter sido e não ter acatado o conselho.
Bom domingo!
Para MR:
EliminarJulgo que M. Walser entrou na fase de não ouvir a voz da razão. Por mim, registei o falhanço. Quanto ao resto, é com ele.