Sou levado a pensar que João Guimarães Rosa (1908-1967) era um homem sujeito a premonições. Algumas obsessões e medos íntimos. Andou meses, temeroso, a adiar a sua entronização como membro da Academia Brasileira de Letras, até que consentiu em marcar uma data (16/11/1967), para a cerimónia. Três dias depois (19/11), morreu em sua casa, vítima de enfarte de miocárdio.
O seu último texto, originalíssimo como toda a sua obra, foi o discurso da sua tomada de posse.
Desse texto longo, retirei alguns extractos que mais parecem aforismos. E aqui ficam:
Duvidemos, isto, dos que o não souberam compreender, a traça não pode com a alfazema.
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O afeto propõe fortes e miúdas reminiscências.
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De onde fura a fonte? Diga-se: valor.
O altamente impessoal, quer dizer, o personalíssimo profundo.
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Tudo, pela metade, é verdade. Os extremos já de si sempre se tocam, antes que tese e antítese se proponham.
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Da sensibilidade e inteligência tem-se sempre de pagar ingrato preço.
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As pessoas não morrem, ficam encantadas.
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