quinta-feira, 21 de março de 2019

Bibliofilia 172.


Foi aqui, há mais de 40 anos, que assisti ao primeiro leilão de livros, em Lisboa.
O local foi-se chamando, ao longo dos tempos, Alto da Cotovia (século XVII), Praça da Patriarcal da Queimada (século XVIII), depois de um incêndio provocado, em 1769, na então Sé Nova lisboeta; para finalmente se fixar naquilo que é hoje, apesar da República, a Praça e o Jardim do Príncipe Real, a partir de finais do século XIX, com o seu gigantesco cedro centenário.
Esse leilão de livros, de que falei acima, foi promovido por Arnaldo Henriques de Oliveira, livreiro alfarrabista bem conhecido, para vender a biblioteca do coronel António da Cunha Osório Pedroso, em Maio/Junho de 1976, em espaço alugado, para o efeito, à que era então a Liga dos Amigos dos Hospitais, situada na Praça do Príncipe Real, nº 3.


Apontamentos, tomados na altura, permitem-me identificar algumas das obras que arrematei e respectivos preços que dei por elas. Assim:

Lote 4533 - História da Poesia Portuguesa do Séc. XX, J. Gaspar Simões (ENP)... Esc. 460$00.
Lote 4724 - A Velhice do Padre Eterno (Porto, 1885 - 1ªed.), Guerra Junqueiro..... Esc. 126$50.
Lote 4937 - Maximes, de La Rochefoucauld (Paris) ............................................... Esc. 345$00.


Este leilão de livros integrava-se na actividade periódica da Livraria Antiquária do Calhariz, que é hoje dirigida por José Manuel Rodrigues e que também leva a efeito almoedas, mas que, normal e ultimamente,  se realizavam, pelo menos até há pouco, na Casa da Imprensa, na rua da Horta Seca, ao Chiado.

4 comentários:

  1. Tenho uma "Perspectiva Histórica da Poesia Portuguesa" do João Gaspar Simões (comprei na Lumière, há uns anos).
    Engraçado como ainda tem esses apontamentos.

    Uma boa tarde:))

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    1. A princípio, tomava sempre nota dos preços dos livros, mas depois fui-me desleixando..:-)
      Boa tarde, também, de uma féria (=greve) alheia..:-)

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  2. Confesso que nunca fui a um leilão de livros e deve ser bem interessante. Já a zona referida é-me bem conhecida, porque passei a minha infância e adolescência nessa zona. O amor que temos pelos livros nunca se perde, mas quando vejo nos dias de hoje os herdeiros de bibliotecas aa venderem tudo por "meia-dúzia de patacos" até me dói o coração.
    Muito boa tarde!

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    1. É excitante, algumas vezes, sobretudo quando somos jovens..., mas por causa da emoção também se podem fazer maus negócios e comprar caro - não me posso, porém, queixar muito.
      Não só os herdeiros... anda por aí uma senhora, que já foi nome em Cultura, a desfazer-se (em vida) de livros com dedicatórias manuscritas. E não deve ser por falta de espaço.
      É uma zona muito bonita, aquela em que cresceu.
      Uma boa noite.

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