quinta-feira, 14 de março de 2019

Memória 129


Em país de poetas, há muitos destes vates esquecidos que, pela minha bitola, são de segunda ou terceira linha e que as histórias da literatura, mais rigorosas e/ou resumidas, nem sequer registam no seu Cânone. Com os múltiplos versejadores, hoje incensados, vai acontecer o mesmo, dentro de 40 ou 50 anos - é a lei do Tempo.
Assim acontece com José Simões Dias (1844-1899), considerado por alguns como um romântico tardio, que teve algum nome e importância enquanto vivo mas que, actualmente, nem sequer os universitários de Humanidades devem conhecer, e que dedicou a Camões, esta singela quadra, a propósito de uma página de Os Lusíadas:

Se um dia o velho enfermo do occidente
Quiser saber se ainda é vivo ou não,
Poise sobre este livro a mão tremente,
E sentirá bater um coração!

Simões Dias, que era de família modesta e frequentou o Seminário, veio a ter uma vida amorosa pouco feliz. Também enveredou pela política e foi deputado bem sucedido. A sua obra poética está inteira nestas Peninsulares (em imagem, acima) que, à data da sua morte, já contava 5 edições.
O que muito pouca gente saberá, decerto, é que se lhe deve o nosso actual "Dia de Camões" ( e das Comunidades), que ele propôs para 10 de Junho, e como membro do Parlamento, na altura, fez votar, em 1879, como então denominado "dia de gala nacional".
Mesmo que só por isso bem merece ser lembrado...

2 comentários:

  1. Não sabia e isso interessa-me muito. Tenho que ver se descubro mais sobre esse escritor. Bom dia!

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    1. É provável que encontre mais elementos do ponto de vista político do que literário...
      Boa tarde.

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