Será que ainda haverá histórias por contar? Duvido.
Originárias de mitos, ancestrais, dão expressão catárctica às angústias humanas ou, de forma positiva, aos anseios mais íntimos, inconfessáveis ou não, dos seres humanos. E a sua urdidura ou trama reside em contos ou fastos mais antigos, normalmente, a que cada geração dá formato actualizado na sua época, sem transgredir demasiado, a matriz original. O ponto acrescentado ("quem conta um conto, acrescenta um ponto") à verdade real ou à imaginação ficcionada pode, no entanto, dar-lhe a suficiente beleza e qualidade que obriga a narrativa da mera tradição popular e oral, a passar para a classe superior de literatura escrita.
Será por isso curial lembrar, a propósito, as palavras de Almeida Garrett, para explicar a génese da sua peça teatral "Frei Luís de Sousa":
Há muitos anos, discorrendo num Verão pela deliciosa beira-mar da província do Minho, fui dar com um teatro ambulante de actores castelhanos fazendo as suas récitas numa tenda de lona no areal da Póvoa de Varzim além de Vila do Conde. Era tempo de banhos, havia feira e concorrência grande; fomos à noite ao teatro; davam a comédia famosa não sei de quem, mas o assunto era este mesmo de Frei Luís de Sousa. Lembra-me que ri muito de um homem que nadava em certas ondas de papelão, enquanto num altinho, mais baixo que o cotovelo dos actores, ardia um palàciozinho também de papelão... era o de Manuel de Sousa-Coutinho em Almada!
Que interessante! Gosto muito de histórias. Bom dia!
ResponderEliminarEstas companhias de teatro, de que Garrett fala, eram importantes para a Província. Itinerantes, como a de Rafael de Oiveira que ainda vi trabalhar, supriam um certo vazio cultural no Interior.
EliminarE, como se vê, deram inspiração ao nosso escritor..:-)
Bom dia