sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

De Antonio Gamoneda (1931), uma versão traduzida


Sábado

1.
O animal que chora, esse morou na tua alma antes de ser amarelo;
o animal que lambe as feridas brancas,
esse está cego de misericórdia;
o que dorme na luz e é miserável,
esse agoniza no relâmpago.

A mulher cujo coração é azul e te alimenta sem descanso
essa é tua mãe no interior da ira;
a mulher que não esquece e está nua no silêncio,
essa foi a música dos teus olhos.

Vertigem na quietude: pelos espelhos entram substâncias
corporais e as pombas ardem. Desenhas juízos e tempestades
e lamentos.

Assim é a luz da velhice, assim
a aparição das feridas brancas.

4 comentários:

  1. Respostas
    1. Não é um poema fácil, mas é realmente um belo poema..:-)
      Boa tarde!

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  2. Já o li ontem e hoje voltei a fazê-lo. Um lindo poema numa boa tradução.
    Bom sábado!

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    1. Muito obrigado, MR. É na verdade um grande poema.
      Bom fim-de-semana!

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