A passagem para a, "economicamente" dita, vida "inactiva" ou de reformado, cria um esbatimento profundo de fronteiras na dicotomia agressiva e antagónica de: férias/ano de trabalho. Só uma mudança geográfica, muito radical, alterando as rotinas habituais, consegue reinstalar o perfil da diferença e estado do espírito.
27/5
A manhã trouxe-nos uma desagradável notícia: não tinhamos água. O dia tinha amanhecido ameno e soalheiro, mas as torneiras da casa branca, metálicas e insensíveis, recusam a menor generosidade - quatro ou seis gotas avaras, que mal dão para desembaciar os olhos, da fuligem da noite. Um garrafão de 5 litros de água de Luso, na despensa, e por abrir, poupa-nos ao desespero (de citadinos empedernidos), e são a garantia reconfortante para escassas abluções matinais. (Mais tarde, por telefonema do dono da casa, o problema foi resolvido: bastava ligar um botão da instalação eléctrica, para vir água do poço - bebível, até.)
17h15 - chuva breve que rapidamente secou nas placas de xisto, em volta.
18h00 - uma ave de rapina (águia-de-asa-redonda [buteo buteo]?), de tamanho médio, evolui metodicamente, de baixo para cima, em paralelas sucessivas, pairando por sobre os campos cultivados e as vinhas. Quase no cimo, do morro mais alto, desaparece do meu horizonte, para norte.
O que mais me surpreende, por aqui, é o minucioso e heróico trabalho nos campos. Raríssimas são as parcelas de terreno que não estão cultivadas. Decerto sempre foi assim, e imagino o hercúleo labor que dão estes socalcos, para quem os quer fazer florescer e produzir. Tirando os espaços florestados (pinheiro, carvalho, castanheiro...) tudo é resultado de força, persistência e suor humanos, muitas vezes, inglórios, que a agricultura nunca é "favas contadas", nem sucesso garantido, antecipadamente.
Modernices: carregar no botão e lá vem a água do poço. :)
ResponderEliminarNa simplicidade da solução, foi uma saída milagrosa..:-)
ResponderEliminarBom dia!