segunda-feira, 9 de junho de 2014

Livros e monopólios


Tirando algumas pequenas (poucas) editoras marginais, estimáveis, o negócio da edição está hoje dominado por dois (Leya, Porto Editora) ou três gigantescos conglomerados monopolistas que ditam todas as regras, até mesmo a autores já consagrados. E definem ou sufocam a liberdade das livrarias e do seu honesto comércio, impondo condições sem arbítrio, nem ética.
É possivel que tenha sido Herberto Helder (1930) que preferiu que o seu livro A Morte sem Mestre, hoje posto à venda, saísse sob a chancela da Porto Editora, em vez da habitual Assírio e Alvim - já integrada no Grupo - que patrocinara as suas últimas obras. Mas não creio que ele abençoasse a campanha de marketing saloio da montra do Chiado, da Livraria Bertrand, que também já pertence à Porto Editora. Desde a semana passada, um cartaz, na Bertrand anunciava, sob a imagem da capa da obra de H. H., a mágica palavra: Pré-Venda. Que consistia em que o putativo, interessado e futuro leitor assinasse uma lista de reserva de compra...
Hoje, há bicha, na Feira do Livro e no pavilhão-barraca da Porto Editora, para compra da obra-espectáculo que, após pagamento, é entregue já embrulhada em papel celofane. Só faltam os foguetes e as palmas!
Entretanto, as livrarias desamparadas não sabem ainda qual o preço do livro, quando o vão receber, nem quantos exemplares lhe irão caber. É a Porto Editora que estabelece as quotas. Sem recurso, nem apelo. Pobre do Herberto Helder, que nem disto deve saber. E é melhor que nunca saiba...

7 comentários:

  1. Hoje fui a duas Bertrand sem sucesso. Amanhã talvez me vá estrear na Feira do livro; veremos se o consigo comprar. Mas acho isto demais.

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    1. Eu só espero que a minha Livreira de referência receba alguns exemplares...
      Na Feira deve conseguir o livro mas, se calhar, vai ter que ir para a fila.
      Estas operações de "marketing" (que provocam isto) são, na verdade, um desgosto...

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    2. E tb não entendo esta mudança de editora. Porque não continua na chancela da Assírio (sua editora de há muitos, muitos anos), que ainda por cima pertence à Porto Ed.?

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    3. Pode muito bem ter sido uma "exigência" da Editora, para aproveitar-se do prestígio de H. H. ...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Em parte a culpa não é do autor, que não permite novas edições do seu livro? ...

    Desta vez arranjei um :)
    Boa noite!

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  4. De algum modo, também - é verdade.
    Mas fundamentalmente são os açambarcadores-especuladores, que compram vários livros, para depois os venderem com bom lucro...E a política comercial das editoras também não ajudam.
    Parabéns, pelo seu exemplar!
    Boa noite!

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