domingo, 8 de junho de 2014

Diário sucinto de umas férias, sem rede, no Alto-Douro (6 e último)


Há viagens que se fecham em si, uma vez feitas, bem como algumas férias já passadas. Outras, que se procuram e se guardam, para sempre, num compartimento estimado da memória. Mas, à partida, nunca saberemos a brevidade ou longevidade desse tempo delimitado que foi nosso.
30/5
Manhã de sol, embora ligeiramente nublado a sul, cobrindo os píncaros mais altos. Céu totalmente limpo, pelas 9h00. O pequeno-almoço, por aqui, além de um bom momento de convívio, é sempre reconfortante: se o leite (Vigor) e a manteiga (açoreana) vieram do sul, o pão regional, fabricado em Donelo, é excelente.
Sejam as simples carcaças, que nada parecem ter de industrial, quer o pão grande, bem cozido, que dá um fatiado de miolo pleno e fofo. Não podemos é perder o padeiro ambulante e simpático, que se faz anunciar pelo buzinar da carrinha, todas as manhãs, pelas veredas sinuosas das povoações. A alternativa é ir buscá-lo ao minimercado da aldeia (mercearia-café, melhor dizendo), mas o pão esgota-se depressa.
A águia-de-asa-redonda (?) só aparece ao fim da tarde. Deixa aos pequenos pardais os campos livres, no entretanto. Mas também aos melros, às rolas, aos pintassilgos, que aproveitam, numa justa distribuição comunitária, natural. Como nos minifúndios minhotos, a rega, entre vizinhos, é horariamente partilhada...
Os dias crescem ainda e a luz solar, às 20h30, estende-se pelas encostas, fazendo ressaltar o casario branco, por entre os tons diversos do verde: olivedos, vinhas, pinhais... Não há vento e toda a natureza parece acomodar-se à tranquilidade da noite de quarto-minguante, que será a última, para nós, aqui.
Parcimoniosamente lidas, vou acabar as "Mitologias" de Barthes.
31/5
Às 6h50, o sol já ilumina os topos mais altos dos montes, em frente da casa.
Arrumar, regressar... Havemos de parar na Régua, para o almoço.

5 comentários:

  1. Esse apitar do padeiro lembram-me outras férias. Em que o peixe tb chegava de carrinha a apitar.

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  2. E as carcaças desse padeira tb eram ótimas.

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    1. Para não falar de uma belíssima bola, já embrulhada em papel vegetal, que ele vendia a 6 euros, bem merecidos.
      Na infância, também tenho a lembrança de um peixeiro (peixe de rio) de bicicleta, que se fazia anunciar através de um cornetim...

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  3. E como chamam lá? Bola ou folar?

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