Existe na arte uma palavra que pode dar nome a todas as modas, todas as fantasias, e que suprime de um golpe todas as pretensas dificuldades quer no que diz respeito à sua oposição quer à sua contiguidade com esta natureza, nunca definida, justamente: é o ornamento. Bastará chamar a atenção, sucessivamente, para os grupos de curvas, as coincidências das divisões que abarcam os mais antigos objectos conhecidos, o perfil de vasos e de templos; os ladrilhos, as espiras, os ovais, as estrias dos antigos; as cristalizações e as paredes voluptuosas dos Árabes; as ossaturas e as simetrias góticas; as ondas, os fogos, as flores sobre a laca e bronze japoneses; e em cada uma destas épocas, a inclusão da similitude das flores, dos animais e dos homens, o aperfeiçoamento das suas semelhanças: a pintura, a escultura.
Paul Valéry, in Variété I (pgs. 236/7).
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