O tema, propício ao início do mês de Agosto, tem surgido nos
jornais e também nos “blogues”, designadamente com recordações de férias
passadas em contextos sociais distintos, épocas históricas diferentes e, até,
espaços geográficos mais alargados.
A leitura dos vários textos, portugueses e alemães, sobre as
férias passadas na década de 50 ou 60 do século passado, por crianças e jovens,
permitiu avivar algumas recordações, nem sempre positivas, e, sobretudo,
concluir que a “indústria do turismo” globalizou e uniformizou os gostos e as
experiências, como é próprio deste mal sistémico que vivemos.
Por um lado, há um mês de Agosto passado numa Póvoa de
Varzim, ou uma Figueira, em espaços
e com vivências que já não existem como as pessoas os recordam. Na Alemanha, em
finais dos anos 50 do século passado, a época de férias não correspondia a uma
saída do local de residência habitual. A construção do chamado “milagre alemão”
concentrava-se na reconstrução das casas destruídas pela guerra. Surgiu, então,
na altura a ideia de arranjar um divertimento para as crianças e jovens, como
eu, enviando-os para umas férias perto de casa – as “Colónias de Férias”
portuguesas chamavam-se, em alemão – “Stadtranderholung” [i.e., umas férias nas
cercanias da cidade onde se vivia]. Assim fui eu, provavelmente numa camioneta
como a que se reproduz na imagem, para uma convivência cheia de actividade e
lazer, afastada do meu espaço, das minhas referências e dos meus afectos.
Não duvido da generosidade dos meus pais, nem dos
“assistentes sociais”, ao tentarem proporcionar-me umas férias diferentes e
divertidas, uma vez que os seus afazeres não permitiam passear comigo.
Lembro-me, vagamente, de actividades como as que a foto
seguinte recupera, refeições em mesas enormes e com pessoas que não me diziam
nada, para além de dormir em tendas, ou seja, aguentar horas sem fim num espaço
inóspito para mim.
Numa dessas actividades, lembro-me de correr, num terreno
íngreme, no meio dum bosque. Não consegui travar e bati numa árvore. Acordei em
cima duma maca e com um alívio profundo. Era necessário devolverem-me à
procedência. Que felicidade !
Portanto, de umas primeiras férias “de convivência e
socialização”, recolhi uma certeza para o resto da minha vida. A “socialização
forçada”, que há algum tempo a esta parte até consta da avaliação escolar, pode
ser um presente envenenado. O respeito pela autonomia individual, que não se
confunde com a responsabilidade social e cívica, é um bem escasso, como a
defesa do nosso espaço, do nosso tempo e dos nossos gostos.
Post de HMJ
:)
ResponderEliminarNunca fui para colónias de férias. Não era usual em Portugal, no meu tempo. Não me parece que tivesse gostado.
ResponderEliminarPara Miss Tolstoi:
ResponderEliminarpois não repeti a experiência.