sábado, 30 de março de 2013

acidentalmente, e sobre a memória


A sociedade portuguesa anda envenenada e confundida, mas não me lembro que E. P. C. tenha traduzido, alguma vez, Montale, como as search words ("eugenio montale traduzido eduardo prado coelho") de um cibernauta alfacinha deixariam supor, e que chegaram até ao Arpose, hoje, pela mão canhestra e parva do Google.
Pessoas há em que a memória mal se inscreve: vivem um presente contínuo. E talvez sejam felizes, à sua tona de água.
Eu olho para a varanda a sul, para o limoeiro que, depois da tosquia profunda de Inverno, só consegue ressurgir tímido e de poucas folhas, e não consigo esquecer quatro ou cinco limoeiros viçosos, na minha vida passada. Mas não sou infeliz. Ainda, para mais, o sol ilumina os tenros rebentos da Primavera leviana deste ano rigoroso. E quase me chega, de esperança. Coisa pouca, convenhamos, para quem tenha sonhos altos.

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