segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Glosa 10


Hoje, no jornal Público, Rui Tavares dedica, a propósito da Catalunha, o seu texto de crónica à singularidade de Portugal ser o único (?) país europeu de fronteiras definidas, desde longe, e sem quaisquer tentações de derivas centrífugas, dentro do seu território.
Realmente, foi bom termo-nos arrumado em 1249, através das últimas conquistas de praças algarvias (Faro, Loulé, Albufeira...), por parte do nosso único rei bígamo, D. Afonso III (1210-1279). Mas não devemos esquecer o sábio D. Afonso X, de Leão e Castela, que, generosamente e num gesto de avô babado, desistiu das pretensões ao Reino dos Algarves, a favor do jovem príncipe D. Dinis, seu neto. Pelo tratado de Badajoz, em 1267.
Ora, imagine-se que D. Afonso X não tivesse tido esse rasgo de generosidade familiar... Ou, até mesmo, que algum Filipe castelhano e futuro se lembrasse de reclamar da defenestração abusiva do colaboracionista Miguel de Vasconcelos, nos idos de 1640... Lá tinhamos o caldo entornado.
Por agora, mais vale esquecer Olivença, assim como a pouco lembrada tomada de Madrid e Salamanca, pelo nosso valoroso Marquês das Minas, em 1706. Mais vale ficarmos calados e aconchegados neste nosso pequenino rectângulo peninsular, quase milenar e sossegado...


6 comentários:

  1. Se o avô não quisesse dar a prenda ao neto, lá viviamos encolhidos! Engraçado não termos tentado aumentar o rectangulo, captando o pedaço lá de cima! (deve haver um motivo histórico poderosos do qual revelo a minha ignorância, ou falta de memória)!
    Boa tarde

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    1. Ora entravam os galegos - e alguns chegaram a Lisboa, onde, de carvoarias, fizeram tascas e, depois, restaurantes [que ainda os há, na Baixa] -, ora entrávamos, nós, na Galiza, mas acabávamos em pazes, aos abraços. E ainda bem! Porque galegos eram o generalíssimo Franco e o sr. Rajoy... cruzes, canhoto!!!
      Resto bom de tarde!

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  2. Aqui na nação portuguesa, que vem da Finisterra até ao Mondego, saudamos esta iniciativa, tonta mas curiosa, que vi hoje na TSF:
    https://www.tsf.pt/internacional/interior/na-andaluzia-tambem-se-fala-de-independencia-proposta-inclui-alentejo-e-algarve-8828281.html

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    1. Também soube, há minutos (via Expresso online)... Isto anda tudo grosso, como dizia a Ivone Silva!...
      Retaliemos: contra Olivença, marchar, marchar!

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  3. Também li sobre o "projecto" (pelo que entendi, para já "filosófico") da Andaluzia querer constituir uma República com o Algarve e o Alentejo e desmanchei-me a rir à gargalhada, quando vinha no comboio. Haja paciência! Eles que venham cá tirar-me as migas e as praias, que eu desço a Padeira de Aljubarrota que há em mim...:-))) Isto só pode ser falta do que fazer e do que pensar...
    Bom dia!

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    1. A questão é dar-se acolhimento a todo o tipo de disparates, oriundos de criaturas cujos miolos devem ter o tamanho de uma ervilha. Possivel e culturalmente, gente de Las Hurdes, que Buñuel retratou em filme, nos anos 30, pela sua miséria geral...
      Um bom resto de semana!

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