segunda-feira, 11 de julho de 2016

Tratamentos


Tenho verificado, ao longo da minha vida, que, numa relação de serviço sem conhecimento prévio dos intervenientes, o prestador do serviço me trata quase sempre pelo nome e não pelo apelido. Eu tento sempre fazer o inverso, a menos que não conheça o nome de família do indivíduo.
Mais raramente, o meu interlocutor acrescenta o meu nome ao apelido, na conversa. São escassas porém as vezes em que sou tratado apenas pelo(s) apelido(s). E creio que esta impropriedade é genuinamente portuguesa. Porque, lá fora, isso só excepcionalmente acontece, e só depois de alguma intimidade de convivência, seja de serviço ou social.
Sou levado a crer que o facto é resultado de sermos um país pequeno em que tudo parece contíguo. Mas posso estar enganado...

5 comentários:

  1. Nos Países Baixos, tratamos pelo apelido, e o país é mais pequeno que Portugal.
    Parece-me que as razões possam ser outras, mas também não sei bem quais.Embora, manifestar uma proximidade que não se tem me pareça uma certa ostentação (porque se deseja tê-la por algum motivo, como por exemplo, para dizer que se conhece muita gente). Ou meter a cunha, ou pedir o jeito, quando se precisar...Pelo menos, soa-me a isso.
    Boa tarde!

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    1. A contiguidade de pequeno país (Portugal), de algum modo, foi uma meia ironia minha..:-)
      Dum séc. XVIII excessivamente pernóstico (Vossa Senhoria, Vossa Mercê...), temos vindo, também por excesso simplificativo, a abusar de um Você democrático que as telenovelas brasileiras intensificaram nos hábitos.
      E o que aponta de tentativa forçada de proximidade, é um facto e estou da acordo.
      Para não falar das Senhoras, que são sempre tratadas pelo nome... Faz-nos falta o "Miss" e o "Msrs." que os ingleses tão bem cunharam, para distinguir as diferenças.
      Porque isto dos tratamentos, sendo bem interessante, dava pano para mangas..:-)
      Desejo-lhe uma boa noite!

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  2. Há uma forma de "tratamento actual" que me irrita sobremaneira: referirem-se aos próprios filhos/sobrinhos/netos como "os meninos". Que é feito de "Os meus filhos", "Os meus netos", "Os meus sobrinhos", "As crianças", "Os pequenos", "Os meus gaiatos", "Os meus petizes" e "Os miúdos"? Tanta opção, uma língua tão rica, e agora, cada vez que vou a Portugal, só oiço "Os meninos" e "As meninas". Que eu saiba, essas eram/são as formas de tratamento que os criados/empregados deviam/devem, por uma questão de respeito e nas famílias mais tradicionais, aos filhos dos senhores/empregadores e que, no Reino Unido, equivalem ao "Master" e à "Miss". Agora, os pais falarem dos filhos como "os meninos" acho uma grande tolice...
    Outra expressão que já não aguento também::"O colégio". Nada contra o ensino privado. Só tenho saudades de ouvir "A escola".
    Boa noite! :-)

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    1. Também não engraço...
      Não nada como o lisura do tratamento de "filho"(s), como a Sandra refere.
      Mas ainda afino mais, quando me tratam por "Vizinho", na tabacaria outrabandista onde, às vezes, vou. Para além de "Querido" (num Café) que tive , noutro dia, de atalhar para:
      "- Não temos intimidade para tanto!..."
      O desbragamento e a impropriedade, infelizmente, campeiam.
      Até amanhã!

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    2. Errata:
      queria dizer - "Como a lisura do..."

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