domingo, 3 de julho de 2016

Cesar Vallejo (Peru, 1892 - 1938, Paris)


Margens do Gelo


Venho ver-te passar todos os dias
vaporzinho encantado sempre longe...
Teus olhos são dois rubros capitães;
teu lábio um vermelho e breve lenço
acenando sempre um adeus de sangue!

Venho ver-te passar; até que um dia
ébria de tempo e crueldade,
vaporzinho encantado sempre longe,
a estrela da tarde há-de partir!

As enxárcias; ventos que atraiçoam;
ventos de mulher que já passou!
Os teus frios capitães hão-de dar ordens;
E quem terá partido serei eu!...


Cesar Vallejo (1892-1938).

2 comentários:

  1. Há muitos anos que não leio nada de Cesar Vallejo. Obrigada.
    Vou geminar.
    Bom domingo!

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    Respostas
    1. Força!
      A poesia de Vallejo tem quase sempre duas leituras. A segunda é, normalmente, mais arredia à interpretação...
      Bom dia, também!

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