terça-feira, 12 de julho de 2016

Pinacoteca Pessoal 115


Face a uma pintura abstracta, confesso que a minha opinião (de amador) é demorada, ao contrário de uma obra figurativa que desencadeia mais facilmente, em mim, uma adesão ou um desagrado, algum gosto e empatia, ou mera neutralidade. Perante uma tela abstracta dou-me conta, instintivamente, a procurar um pequeno indício ou sinal de coisa física, um rosto insinuado, a silhueta de um edifício no espaço da pintura que decifre para mim um qualquer simbolismo. Mas logo tendo a abandonar esse movimento interior de olhar que busca uma tradução que não existe, nem poderia existir, naturalmente. Mesmo nas obras de um amigo meu, que a pratica (arte abstracta), e porque o conheço razoavelmente, o mais que consigo é pressentir estados de espírito, por intuição nem sempre fundamentada.
Um dos casos raros de imediata adesão a uma pintura de natureza abstracta, aconteceu-me com a obra do pintor francês, de origem russa, Nicolas de Staël, que nasceu em 1914 e veio a suicidar-se, em Paris, no ano de 1955. Pelo meio da sua vida chegou a integrar a Legião Estrangeira, francesa (na Tunísia). As suas paisagens são marcadas por pinceladas espessas, mas de grande beleza estética no seu conjunto de harmonia que, de imediato, conquistaram a minha admiração.

Quanto às suas naturezas mortas de interior, também o seu lirismo pictórico e a sua simplicidade tiveram sobre mim um grande fascínio. Bem como algumas ilustrações que fez para livros do seu grande amigo e poeta René Char.

Não quero ainda deixar de referir a beleza esquemática, quase diria a tocar o osso e o essencial, que se podem surpreender em muitas das suas marinhas de inspiração abstracta. E de grande magia encantatória. De que aqui deixo um exemplo, em imagem final.




4 comentários:

  1. Já tenho visto obras deste pintor. As que mostra são lindas, mas considera estas duas paisagens abstratas?
    Bom dia!

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    1. Acerca da obra de Staël costumam falar do lirismo abstracto das suas paisagens (não sou eu, que sou um ignorante em Pintura),icluem-no "Tachisme", uma breve escola dos anos 40/50 franceses, onde metem também Soulages, esse sim, que me parece um pintor puramente abstracto. Em Staël há uma certa simbiose.
      Bom dia!

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  2. Gostei muito e acho que não conhecia. A paisagem semi-abstracta é lindíssima. Bom dia!

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    1. É uma obra magnífica que vale a pena conhecer.
      Bom dia!

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