Face a uma pintura abstracta, confesso que a minha opinião (de amador) é demorada, ao contrário de uma obra figurativa que desencadeia mais facilmente, em mim, uma adesão ou um desagrado, algum gosto e empatia, ou mera neutralidade. Perante uma tela abstracta dou-me conta, instintivamente, a procurar um pequeno indício ou sinal de coisa física, um rosto insinuado, a silhueta de um edifício no espaço da pintura que decifre para mim um qualquer simbolismo. Mas logo tendo a abandonar esse movimento interior de olhar que busca uma tradução que não existe, nem poderia existir, naturalmente. Mesmo nas obras de um amigo meu, que a pratica (arte abstracta), e porque o conheço razoavelmente, o mais que consigo é pressentir estados de espírito, por intuição nem sempre fundamentada.
Um dos casos raros de imediata adesão a uma pintura de natureza abstracta, aconteceu-me com a obra do pintor francês, de origem russa, Nicolas de Staël, que nasceu em 1914 e veio a suicidar-se, em Paris, no ano de 1955. Pelo meio da sua vida chegou a integrar a Legião Estrangeira, francesa (na Tunísia). As suas paisagens são marcadas por pinceladas espessas, mas de grande beleza estética no seu conjunto de harmonia que, de imediato, conquistaram a minha admiração.
Quanto às suas naturezas mortas de interior, também o seu lirismo pictórico e a sua simplicidade tiveram sobre mim um grande fascínio. Bem como algumas ilustrações que fez para livros do seu grande amigo e poeta René Char.
Não quero ainda deixar de referir a beleza esquemática, quase diria a tocar o osso e o essencial, que se podem surpreender em muitas das suas marinhas de inspiração abstracta. E de grande magia encantatória. De que aqui deixo um exemplo, em imagem final.
Já tenho visto obras deste pintor. As que mostra são lindas, mas considera estas duas paisagens abstratas?
ResponderEliminarBom dia!
Acerca da obra de Staël costumam falar do lirismo abstracto das suas paisagens (não sou eu, que sou um ignorante em Pintura),icluem-no "Tachisme", uma breve escola dos anos 40/50 franceses, onde metem também Soulages, esse sim, que me parece um pintor puramente abstracto. Em Staël há uma certa simbiose.
EliminarBom dia!
Gostei muito e acho que não conhecia. A paisagem semi-abstracta é lindíssima. Bom dia!
ResponderEliminarÉ uma obra magnífica que vale a pena conhecer.
EliminarBom dia!