quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Curiosidades 71


Ler correspondência amorosa alheia tem qualquer coisa de devassa ou de pecaminoso, muitas vezes. Entrar numa intimidade apaixonada, faz-nos sentir culpados dessa intrusão importuna, que os amantes, se fossem ouvidos antes, por certo não permitiriam e achariam, no mínimo, despropositada e deselegante.
Pois, tenho vindo a ler Correspondance / 1944-1959 (Gallimard, 2017) que compreende as cartas trocadas entre Maria Casarès (1922-1996) e Albert Camus (1913-1960), no decurso da sua relação amorosa. Mais ancoradas no real, as missivas de Casarès, mais intelectuais, as de Camus.
Não farei transcrições de sentimentos, nem de derrames emotivos. Mas, no decurso da leitura, apercebi-me que havia apenas referência a um nome português, aliás gralhado: Amalia Rodriguez (sic). Essas linhas elogiosas surgem na página 1067, em carta de 24 de Abril de 1956, de Camus para Maria Casarès.
Passo a traduzi-las:

"Sábado, a Virgínia tirou-me da sonolência 1) para ir ouvir Amalia Rodriguez cantar fados no Olympia. Admirável criatura, poética, apaixonada, e eu vim de lá completamente conquistado. É preciso comprar os seus discos. Mas faltará uma presença, que é a sua!"


com os maiores agradecimentos a MR.

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