segunda-feira, 14 de julho de 2014

A propósito e na sequência de uma crónica jornalística


No seu pragmatismo objectivo, a direita portuguesa nunca teve pejo, nem preconceitos, em coligar-se, na intenção de conquistar o Poder. Ao contrário, as esquerdas portuguesas, tirando a excepção do consulado de Jorge Sampaio ( que nem é, sequer, um "perigoso" esquerdista...), na Câmara de Lisboa, nunca o fizeram, de forma visível e clara. Nas suas desconfianças de vizinhos próximos, nas suas ortodoxas e aristocráticas ideologias frustes de cúpulas rigidamente egocêntricas, as esquerdas portuguesas "falam, falam", mas nunca se conseguem entender. Sobra a isto, muitas vezes, um eleitorado frustrado.
A propósito da erosão lenta, mas real, e da implosão previsível do BE, Rui Tavares, na sua crónica (A chave) de hoje, no jornal Público, fala desta fatal pulverização dos partidos de esquerda portugueses, mas diz também uma coisa bem simples e verdadeira. Passo a citar:
"...A maior parte dos eleitores de esquerda estão no meio, procurando pela realização de um país em que as desigualdades sejam combatidas e a pobreza erradicada, onde haja um acesso universal às provisões públicas, e onde uma economia mista e diversificada possa dar hipóteses justas de progresso social e pessoal aos portugueses. ..."

6 comentários:

  1. Curiosamente parece-me exatamente o que deseja a maioria dos eleitores da chamada "direita". Isso explica o bloco central e o eterno "arco da governação".

    Notas à margem.
    1. Rui Tavares faz uma análise lúcida, mas, como sempre, quando chega às soluções, apresenta uma "chave" de enorme... vazio. O que quer dizer "precisamos agora de uma esquerda que, em vez de só querer governar ou só querer não governar, queira saber porquê governar e sobretudo para quê governar"? Embora queira parecer o contrário, continua a abordagem "ontológica" e "egocêntrica", continua a propor uma esquerda que não pensa a sociedade, mas se pensa a si própria, eternamente.
    2. O que dirá o colunista Malheiros sobre este assunto?

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    1. Sem dúvida que estes desentendimentos eternos da esquerda agradam imenso à direita, mas também é verdade que um Guterres, um Constâncio ("distraidíssimo"), um Seguro, só por misericórdia cristã poderiam ser classificados de "esquerdistas"... O centro sempre andou "descentrado", até como se pode por este "nosso" e actual Governo.
      Não estou certo de que R. T. não pense a sociedade. Tem avançado algumas ideias, que me parecem, correctas, algumas medidas que não julgo erradas, perante a sociedade que temos. Mas a prática política é o mais importante. Basta lembrar o que Coelho disse, na campanha eleitoral, e o que tem feito...

      Quanto ao Malheiros, na próxima crónica, deve malhar noutros assuntos..:-))

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    2. O que me alegra é que a esquerda vai voltar a ter o seu próprio Coelho...

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    3. Vamos a ver, como diz o cego. Pode ser que saia uma lebre...

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  2. Concordo com o que Rui Tavares diz, mas também me parece que a esquerda (nas suas variantes) é bem mais crítica (às vezes até um pouco suicidária) do que a direita.

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    1. Estive para usar a palavra "suicidária", no meu pequeno texto introdutório à citação de R. T.. Mas a nossa esquerda sempre foi muito regionalista e paroquial, pelo menos, Miss Tolstoi..:-(
      Um bom fim de tarde!

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