Nunca apreciei, verdadeiramente,
o uso de siglas sem o devido desenvolvimento para que o leitor comum, sem ser
especialista numa determinada área, compreendesse o que se ocultava através de
poucas letras. Confesso que o abuso das siglas acompanha bem a tendência geral
do discurso político-financeiro na sua tentativa de afastar e enrodilhar, com
linguagens pretensamente esotéricas, embora cada vez mais pobres de substância,
o cidadão até à exaustão e ao afastamento do essencial, i.e., o de participar
activamente na vida democrática do país, seja ele qual for.
Contudo, a educação – familiar e
institucional – transmitia, desde cedo, algum respeito por “grafemas” que, à
partida, não nos diziam nada: ONU, EU, UNESCO, etc. O processo próprio de
crescimento, físico e mental, lá foi enriquecendo a “paleta do mundo”, nem
sempre com a mesma consideração inicial, porque o aperfeiçoamento e a autonomia
do pensamento a isso obriga. Outras siglas, aparentemente anódinas como a OCDE,
revelaram-se, definitivamente e como o FMI, em agentes ao serviço de entidades
e estratégias que nada devem ao essencial da Democracia e da Humanidade.
De nada vale o Estado querer
introduzir uma pretensa “cadeira ou disciplina” para explicar aos “jovens” o
mundo financeiro, quando, no fundo, se pretende esconder o essencial, i.e., o
fim último de um discurso tortuoso, enrodilhado e cheio de siglas.
E, se alguma dúvida restasse,
tivemos hoje uma prestação exemplar. Veio o Secretário-Geral da OCDE, em pessoa
como na imagem acima, explicar, num “portunhol” indigente, as conclusões de um
relatório encomendado pelo próprio Governo de Portugal, i.e., pago pelos
contribuintes. Ora, o que se esperava ?
Basta a qualquer criatura do
Ensino Primário usar o seu bom senso, e sem “saber de finanças” ou de “actos
ilocutórios”, para perceber o alcance de um “sermão encomendado”.
Post de HMJ
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