quarta-feira, 16 de julho de 2014

Apontamento 50: Livros Infantis e Escolares



Recuando algumas décadas, e recorrendo à experiência pessoal, acontece que houve livros de infância e escolares – já que abomino o jargão “Manuais” – que nos ficaram na memória visual pelo grafismo. Outros recordo pela ambiência das histórias que nos contavam e o insólito de promover a leitura em idade escolar.

Jamais me esquecerei das “aulas de lavores” em que a professora, depois de explicar as tarefas a executar - bordados, costura, malha ou “crochet” – se recolhia sentada na sua secretária, pegando num livro, começava a ler uns livros. À distância, pouco interessa um fundo ideológico das histórias, mulheres de um lado e homens do outro, porque o crescimento mental procedeu à actualização em conformidade com a evolução da sociedade. O que ficou, de facto, foi um ambiente estimulante de encontrar na palavra escrita outros universos do que o quotidiano conhecido. O que importa,  para promover a leitura, são momentos únicos em que a criatura descobre que o mundo se poderá  abrir através dos livros e sem sair do lugar de origem.

Quanto ao grafismo, não tenho dúvida de que os livros infantis ganharam imenso em qualidade de imagens. De tempos recuados apenas me lembro do aspecto do meu livro de “Primeira Classe”, amarelinho com desenhos de bichinhos muito bonitos. Tenho pena de não o ter conservado.



Gosto de acompanhar a evolução do grafismo dos livros infantis. Não faço colecção por falta de espaço, mas tenho pena, porque alguns livros são uma tentação.

Sucede que, ontem, por mão amiga nos entraram vários livros infantis e escolares, em casa. Numa junção perfeita, primam pela qualidade das imagens e do conteúdo. Alguns, na sua fina ironia e observação do quotidiano, parecem um “animatógrafo” em que o leitor, muito para além da boa disposição, aprende a olhar de forma diferente para o presente e o passado.


Este último "Livro de Leitura" aconselha-se a quem queira desenvolver, precocemente, a capacidade de entender e explorar a riqueza da língua, sobretudo na sua capacidade de criar e jogar com "segundos sentidos". São jogos inofensivos e, talvez por isso, cada vez mais raros !

Post de HMJ, dedicado a A.J.Monteiro

10 comentários:

  1. Fiquei com vontade de adquirir o último. Que linda capa! Uma afectuosa imagem emoldurada por um bordado (foi logo o que me veio à cabeça). Grata pela partilha.
    Boa tarde!

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  2. Também tive um ano as famosas aulas de lavores,no liceu, que depois com o 25 de Abril, acabaram. Não me lembro bem o que se fazia...

    Gosto imenso de livros infantis e juvenis. Tanto gosto dos antigos , com imagens tão bonitas, como dos actuais, cada vez mais ilustrados, mais bonitos. Tenho uma boa colecção que continuo sempre que po€€o a aumentar, porque há livros tão lindos, que é difícil resistir e também pela minha profissão.

    Este que aqui mostra acho que não conheço...

    Boa tarde!

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    1. Para Isabel:
      Os livros são bonitos por fora e, por dentro, cheios de humor.

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  3. Nas aulas de lavores da primária aprendi ponto cruz e outros. Fiz vários naperons, e um aco de lanche que acho que ainda tenho. Se estiver onde penso, postá-lo-ei. No liceu, não ensinavam a fazer nada. Cada turma (de 40 o mais meninas) tinha de fazer um enxoval para qualquer beneficência da Mocidade Portuguesa Feminina: sapatinhos, casaquinhos, babetes, colchas, etc. Claro que quem fazia as peças do enxoval eram as mães das meninas.

    Sou fã de livros infantis. Hoje numa daquelas vendas no Metro comprei um livro do Manuel António Pina que postarei um dia destes.

    Quanto a este livro de Português deve ser primo de um por que estudei.

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    1. Para MR:
      Pois, "o primo" do seu antigo Livro de Leitura é uma re-escrita bem humorada, "conservando quase sempre o título dos textos originais (...)".

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    2. Ah, então tenho de o comprar. :)

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  4. Não conheço esse livro ilustrado pela Graça Morais.

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  5. Desculpem meter-me na conversa, mas é só para dizer que fico à espera de ver o trabalho artesanal da MR e o livro do Manuel António Pina...

    Boa tarde!

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    1. O meu trabalho artesanal vai sair hoje no Prosimetron; e o livro do MAP amanhã. :)
      Bom domingo!

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