sexta-feira, 25 de julho de 2014

Bibliofilia 107


A diminuição acentuada, em Portugal, do domínio da língua francesa explica, porventura, o baixo preço por que adquiri, ontem, os 6 volumes de L'Histoire de l'Empereur Charles-Quint (1788), de William Robertson (1721-1793), na sua versão para a língua gaulesa, impressa em Amsterdão. A edição original (em inglês) é de 1769.
Os volumes, em inteira de pele, encontram-se em bom estado e apenas o segundo livro tem vestígios de bibliófagos, mas que não afectam o texto. Não irei referir o preço da obra para não ofender alguns alfarrabistas briosos, nem provocar a  inveja desnecessária de quem se interesse por obras de História, em particular, pela figura singular de Carlos V - como é o meu caso. Mas posso adiantar que não dei mais pelos 6 volumes do que daria por um único daqueles tijolos berrantes que se vêem na montra da Bertrand, ao Chiado.
Numa busca breve, pela net, encontrei 3 alfarrabistas que também tinham esta obra (completa) para venda: na Suiça (Harteveld Rare Books), por 220 euros, em França (Libraire ancienne & Moderne Éric Castéran), ao preço de 230 euros e, finalmente, em Paris (Libraire de Sèvres), por 450 euros. A discrepância de preços talvez se possa explicar pelo estado de conservação dos livros.
Resta-me referir que William Robertson ( o chauvinisme francês é patente pela tradução do nome do autor, na versão gaulesa: Guillaume Robertson...) foi um probo historiador escocês e um iluminista importante, bem considerado, ainda hoje. Justificado pelas inúmeras edições desta obra, a última das quais foi publicada em 2010.

10 comentários:

  1. Também aprecio a figura e Carlos V; continuo a ler uma biografia da mulher, Isabel de Portugal.
    Também temos por cá os nossos chauvinismos, de que o caso mais conhecido é Júlio Verne; ainda hoje não nos passa pela cabeça referirmo-nos ao escritor francês como Jules Verne. E quanto aos chauvinismos espanhóis, nem se fala.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É verdade, boas achegas, MR!
      Já Sena referia o despropósito de Agostinho de Campos que, num "purismo" parvo, não prescindia dos seus: "Oxónia" e "Cantabrígia"..:-)))

      Eliminar
  2. E dentro de quatro anos, os espanhóis devem-lhe dedicar altas comemorações.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E bem merecidas!
      Só aquela retirada para Yuste, ainda hoje me deixa espantado...

      Eliminar
  3. Pelos vistos teve sorte em conseguir essa obra. Carlos V foi um homem admirável. Eu devo estar entre os poucos portugueses que simpatizam com o filho, Filipe II (I de Portugal)... Mas confesso que sou um pouco iberista. Bom dia!

    ResponderEliminar
  4. Dos três Filipes, o primeiro, filho de Isabel de Portugal e Carlos V, é, também, o que mais respeito. Falava português, passou em Lisboa algum tempo e respeitou escrupulosamente os compromissos que assinara, nas Cortes que o confirmaram como rei de Portugal. Não é coisa pequena e revela a estrutura ética de um Homem.
    Bom fim-de-semana!

    ResponderEliminar
  5. É isso mesmo. Do que sei da história daquele rei, fiquei a respeitá-lo. Bom sábado!

    ResponderEliminar
  6. Inteiramente de acordo. Tenho lutas verbais (com colegas) para salientar a importância de Filipe II. Fico com os cabelos "em pé" quando escuto (ainda ontem) falarem-me daquilo que não conhecem, nem nunca estudaram, repetindo patranhas ensinadas no Estado Novo e em algumas pseudo histórias.

    ResponderEliminar