domingo, 6 de janeiro de 2013

Mercearias Finas 67 : voltando aos vinhos velhos


A pressa, a impaciência, o gosto pelo "descartável" (beber e deitar fora) dos dias de hoje, raramente, deixa repousar e adormecer os vinhos, na garrafeira. A crise também não favorece o gosto antigo de guardar e ir provando, com o tempo, acompanhando a evolução de vinhos de média ou boa qualidade. E o consumismo, muitas vezes desenfreado, leva muita gente a correr à procura de novidades atrás de novidades, numa voragem inexplicável.
Quando comecei a guardar vinho, em 1976, por conselho de um respeitável Sénior avisado, os "Barca Velha" custavam cerca de Esc. 600$00, o que era muito para mim. Mas ainda consegui comprar 2 garrafeiras Carvalho, Ribeiro e Ferreira, colheita de 1949 (reengarrafadas em 1966), por pouco mais de Esc. 100$00. Quando bebi a primeira, pelo Natal de 1979, o vinho velho portou-se lindamente com um jovem Queijo Serra amanteigado.
Falo hoje disto, porque recentemente, em almoço familiar alargado fui buscar "duas antiguidades", à "adega": uma magnum Dão Cardeal (monocasta Touriga Nacional), tinto de 2004 e uma Garrafeira CRF de 1978. Abri-as, 2 horas antes da refeição. Tive que decantar, naturalmente, a CRF, embora o depósito (ou "pé", como gosto de chamar) fosse mínimo; e o vinho estava muito bom para acompanhar a tábua de queijos diversos. O Dão Cardeal, óptimo estava, também, para se bater com o assado. Vinhos tranquilos, suaves, de taninos mansos - a "poupança" tinha valido a pena!

2 comentários:

  1. Eu sou uma 'nabiça' em termos de vinhos. Bebo e gosto ou não gosto.

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  2. E é o necessário e suficiente, MR. Mas vale a pena guardar, quando gostamos...

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