"A história das artes plásticas, sobretudo nas suas relações iniciais e recentes com a escrita, mostra bem que a percepção sensorial e o pensamento simbólico nunca existiram separados. As estruturas da percepção organizam-se de acordo com actividades, hábitos e valores sociais: a discriminação de tonalidades de branco pelo esquimó e de tonalidades pardacentas pelos povos pastores subtropicais atinge uma acuidade que escapa a todos os nossos olhos; a simples percepção das cores insere-se em quadros valorativos e ideológicos. Ver, humanamente, é já idear. O mero aprendizado da fala dota uma criança com a mais complexa instrumentação simbólica até hoje criada. Portanto o uso de diagramas e símbolos matemáticos não vem instaurar o pensamento simbólico: vem despegá-lo do espírito das crianças, na altura que já é oportuno que elas vejam as palavras, as frases, os textos, como coisas de uma até então despercebida categoria: coisas com que, mentalmente, se agarram as outras coisas mais óbvias. ..."
Óscar Lopes (1917), in Gramática simbólica do português (Lisboa, 1972).
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ResponderEliminarDar dá um prazer enorme.
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ResponderEliminarNão sei se o Itten autor da " Arte da cor " e Vigotky algum dia se teriam encontrado. Se isso tivesse acontecido penso que teriam discutido o tema da liberdade expressiva e do valor social da espontaneidade. O Itten defenderia certamente a gramática da cor como símbolo. Mas acho que o verdadeiro prazer só existe na liberdade expressiva, na autenticidade e no jogo criativo em que o olhar e o representar é a nossa forma de dar e de comunicar.
ResponderEliminarNão conheço suficientemente nenhum dos autores para me poder permitir acrescentar o que quer que seja ao seu comentário.
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