Para um tempo estranho, porque não um livro estranho? Do alemão Ernst Jünger (1895-1998) - O Coração Aventureiro. Fragmentário, aparentemente desarrumado, inicia-se em Steglitz e remata em Ponta Delgada. Realista, quase científico, surrealista por vezes, outras, onírico. Quase sempre situando o leitor em território sem mapa e sem pé, perguntando-se se é ficção ou realidade o que lê, num estimulante processo criativo, também partilhado.
Segue um pedacito do texto:
... Para os olhos do norte habituados ao brilho mais desmaiado, os mistérios que se encerram num mar do sul constituem uma atracção inesgotável. Também as cores dos animais terrestres, até dos insectos, nas zonas mais quentes, aumentam de riqueza e de variedade, constratando acentuadamente umas com as outras. Mas apenas o mar dá aos seus habitantes aquela elegância tocante e a suavidade de tons, o brilho trémulo e irisado dos seus cristais raros, a maravilhosa delicadeza e afabilidade do efémero. Estas cores são obra do sonho, pertencem mais à noite do que ao dia; precisam do fundo do azul-escuro para protecção. ... (pgs. 60/61)
Ernst Jünger , in O Coração Aventuroso (Cotovia, 1991).
Que maravilha, este trecho. Boa tarde!
ResponderEliminarJünger era um grande e atento observador deste nosso mundo.
EliminarUma boa tarde, também.