segunda-feira, 10 de maio de 2010

Os "papabiles"



Hoje, entre as 20,15 e as 20,30hrs., as três principais estações de TV portuguesas sobrepuseram-se, decalcaram-se cristã e piedosamente, na expectativa de anunciar os 23 (24) jogadores de futebol convocados para a selecção portuguesa que irá jogar na África do Sul. Pontificava Carlos Queiroz que virá a ser bestial ou besta, consoante o objectivo a conseguir.
E falava-se, na época do Salazar, dos três "efes" excessivos... Agora, até os intelectuais se benzem, respeitosamente, na água benta do futebol, antes de entrar em cena. "Não posso com tanta ironia", para citar Fernando Assis Pacheco que até gostava de futebol, mas com moderação.

4 comentários:

  1. Pois, e espera-nos redundante um segundo F. Não tenho nada contra a visita de Chefes de Estado mas...
    Com estes meus olhos vi, claramente visto, na televisão:
    1) um pecador a arrastar-se pelo chão, de rojo,como um réptil,um invertebrado, em direcção à Basílica, por uma passadeira de calcário cristamente polido - desporto ou actividade que a Igreja desmotiva. Mas não fui eu quem poliu o calcário.
    2) Pelas estradas de Portugal dois homens caminhavam para o altar do mundo. Entre esses dois homens, de braços dados, caminhava uma senhora que me pareceu jovem, mas de costas, virada contra o sentido da marcha.Vade retro...
    3)Na Senhora dos Remédios uma penitente rebolava desamparada pela escadaria. O marido corria atrás dela, ofegante, sem a conseguir apanhar.
    Ao cruzar-se com um fulano que subia, disse-lhe, irado:
    - Nâo a podia ter travado?
    -Poder podia, mas cuidei que era promessa.

    ResponderEliminar
  2. Juro que quase me m.... a rir com o ponto 3 do primeiro comentário. Obrigado.

    ResponderEliminar
  3. (...)
    “Leyendo hace pouco a Cervantes pasó por mí un soplo que no tuve tiempo de captar (¿por qué? Alguien me interrumpió, sonó el teléfono, no sé) desgraciadamente , pues recuerdo que me senti impulsado a comenzar algo...Luego tudo se disolvió. Guardamos todos un libro, tal vez un grande libro, pero que en el tumulto de nuestra vida interior rara vez emerge o lo hace tan rapidamente que no tenemos tiempo de arponearlo”. Me gusta esta frase porque siempre he pensado que, en efecto, la visión de la obra tiene mucho que ver con la visión entrecortada, hipnotizante y casi aniquilante, por lo hermosa, de aquella ballena del Pacífico.Con la escritura es lo mismo: amenudo intuyes que al otro lado de la punta de tus dedos está el secreto del universo, una catarata de palavras perfectas, la obra esencial que da sentido a todo. Te encuentras en el umbral mismo de la creación, y en tu cabeza se te disparam tramas admirables, novela inmensas, ballenas grandiosas que solo te enseñan el relámpago de su lomo mojado, mejor dicho, solo fragmentos de ese lomo, retazos de esa ballena, pizcas de belleza que te dejam intuir la beleza insoportable del animal entero; pero luego , antes de que hayas tenido tiempo de hacer nada, antes e haber sido capaz de calcular su volumen y su forma, antes de haber podido comprender el sentido de su mirada taladradora, la prodigiosa bestia se sumerge y el mundo queda quieto y sordo y tan vacio.

    LA LOCA DE LA CASA
    Rosa Montero
    (Uff)

    ResponderEliminar