W. B. Yeats nasceu em Dublin (Irlanda), em 1865, mas com 11 anos a família foi para Londres, onde fica até 1880. Regressam à Irlanda, mas em 1887 estão de novo em Inglaterra. Yeats convive com os intelectuais britânicos e Ezra Pound chega a ser seu secretário, em 1913. O Poeta irlândes interessa-se por ocultismo, teosofia e lendas antigas. Em 1923 é-lhe atribuído o Nobel. Morre em França, em 1939.
Foi, predominantemente, um poeta simbolista, mas se o quisermos comparar com algum poeta português, eu diria que está muito mais próximo de Teixeira de Pascoaes, pelo seu lado visionário e um pouco místico, do que de Camilo Pessanha que foi o nosso simbolista, por excelência. W. B. Yeats conviveu mal com a sua própria velhice e, isso é visível, sobretudo no poema "Sailing to Byzantium". Particularmente no primeiro verso do poema - "That is no country for old men...". Por outro lado, quero alertar que este poema não tem nada a ver com o recente filme dos irmãos Coen, "No country for old men". O título deve ter sido, apenas, uma piscadela de olho aos intelectuais nova-iorquinos e irlandeses. Aqui vai, portanto, a tradução de "Sailing to Byzantium" de Yeats.
Zarpar para Bizâncio
I
Este país não é para velhos. Os jovens
Trocam abraços e os pássaros nas árvores
- Aquelas gerações agonizantes - no seu cantar,
Cascatas com salmão, mares de golfinhos
Povoados, peixe, carne ou aves que louvam o Verão,
Tudo o que foi gerado, nasceu e vai morrer.
Seduzidos pela música sensual todos esquecem
As grandes obras que o espírito fez eternas.
II
Um velho não é mais que um empecilho,
Um casaco esfarrapado sobre um ponto fixo, a menos
Que a alma bata palmas e cante, cante forte
Por cada trapo velho do seu mortal vestido,
Porque não há escola de canto para o estudo
Das grandes obras na sua magnitude;
Por isso eu naveguei nos mares para chegar
À sagrada cidade de Bizâncio.
III
Ó sábios guardiões do sagrado fogo de Deus
Como no dourado mosaico da parede
Deixai o fogo sagrado, falcão de seu voo circular,
Sêde os mestres-cantores da minha alma.
Esgotai meu coração; doente no desejo
E preso a um animal moribundo
E preso a um animal moribundo
Que não se reconhece no que é; acolhei-me
No artifício próprio da eternidade.
IV
Para sempre abandonada a natureza, nunca
Mais regressarei à minha forma corporal,
Apenas relevo cinzelado por gregos artífices
No ouro martelado ou esmaltes dourados
Para manter desperto um Imperador com sono;
Ou talvez eu pouse num áureo ramo a cantar
Para os senhores ou damas de Bizâncio
Celebrando o passado, o presente, e o porvir.
Obsv.: o poema é datado de 1927.
Adoro este poeta! Nunca percebi porquê porque normalmente aquele carácter místico não me atrai noutros poetas.
ResponderEliminarNão sou leitora de Pascoais. A poesia dele não me toca, salvo alguns poemas. «A elegia do amor» é maravilhosa.
Esqueci-me de dizer que gostei da sua tradução.
ResponderEliminarRealmente, MR, Yeats tem uma atracção,para quem o lê, muito própria e indefinível. Quanto ao Pascoes, estou consigo, embora considere que é um bom "case study".
ResponderEliminarObrigado.
Leio mal inglês. Mas parece me boa tradução e se calhar gosto mais do que da do José Agostinho Baptista.
ResponderEliminarI, 8º os monumentos de intemporal saber
II,1º Um velho é coisa sem valor
Etc
Pelo ritmo é que vamos
Que magnífica tradução!...
ResponderEliminarGrato ao Luís e c.a., pelas visitas e comentários.
ResponderEliminarUm dos meus poetas preferidos. De entre os estrangeiros é capaz de ser o n.º 1.
ResponderEliminarAPS, eu também gosto desta sua tradução.
Ao Luís:
Não gosto muito das traduções que o José Agostinho Baptista fez do Yeats. Mas gosto do JAB como poeta.