Não sendo dos mais conhecidos poetas ingleses, vivos, Alan Brownjohn (1931) é , seguramente, um dos mais originais pelas suas palavras simples e pelos seus temas minimalistas, muito atentos ao essencial. Crítico e novelista, colaborador do "Times Literary Supplement", ""Encounter" e "Sunday Times", sobre poesia disse, numa entrevista: "Não vejo a linguagem poética como um veículo para a experimentação - mas como um meio de compreender o mundo e as coisas existentes nele." Brownjohn exerceu a profissão de professor até 1979, altura em que passou a dedicar-se apenas à escrita. Os seus temas mais recorrentes, em poesia, são o Tempo naquilo que tem de irremediável, mas também nas hipóteses virtuais do que poderia ter sido, e não foi.
O sagrado, em sentido lato, é outra das questões mais abordadas pelo Poeta. Aparentemente lineares, os seus poemas ganham com releituras, ou como disse Alan Brownjohn: "Sempre tentei que a força dos (meus) poemas - quando a tem - emergisse, não da primeira vez que são lidos, mas à segunda ou terceira leitura." Passo a traduzir e transcrever "Balance":
A cerimoniosa posição das mãos
No ar tranquilo da benção, da oração,
Em momentos íntimos de amor,
Possui a paz mais exacta. A sua calma retém
Um equilíbrio sagrado: cada acto perfeito
Um instintivo respeito e segurança.
Elas sabem que não devem vacilar nem trair
O que fica sob o seu domínio. Usam a sabedoria
Para evitar os gestos discordantes.
E assim, por alguns momentos, não deslizam
Da cerimónia para a realidade: ficam
A pairar; conduzem-se de modo a não mostrar
Que a benção muitas vezes condescende,
A oração se ergue da miséria onde se forja
E as mãos do amor podem ter fins diferentes.
P. S. : para Alexandra e manu, pela gentil surpresa. E pelo mistério...
Belo poema que não conhecia.
ResponderEliminarObrigado,MR.
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