Mário de Sá-Carneiro (1890-1916), poeta e prosador notável, nasceu precisamente há 120 anos. É, com Almada e Pessoa, a trindade magnífica do modernismo português. O facto de ter morrido jovem não lhe permitiu libertar-se totalmente de algumas influências (Nobre e Pessanha, principalmente) para aceder a uma voz mais pessoal. Muito embora a exuberância quase barroca ( que prenuncia o surrealismo) e alguma estridência de tom identifiquem muitos dos seus poemas. Será uma evidência repetí-lo, mas sendo tão impressivo o poema, obviamente aqui o lembramos nos versos de "Fim":
Quando eu morrer batam em latas
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa,
E eu quero por força ir de burro!
Ao que parece seria um doente bipolar (tal como Antero de Quental e Florbela Espanca), doença normalmente associada à exuberância. Fim trágico, todos eles.
ResponderEliminarGosto muito, particularmente de Almada.
O quadro é magnífico (ou será um painel?). Não me lembrava dele...
Não sabia da bipolaridade atribuida aos três poetas, mas parece-me muito plausível. Do quadro apenas lhe sei o título que é "Procissão de Corpus Christi". Obrigado, c.a..
ResponderEliminarGosto de Sá-Carneiro (este poema é maravilhoso!) e deste quadro de Amadeu (aliás, acho que não há nada que não gsote de Amadeu).
ResponderEliminarTambém não sabia que eram bipolares e também acho que faz sentido.
E todos se suicidaram.
ResponderEliminarSó que Mário de Sá-Carneiro foi com requintes de malvadez, MR. Cinco frascos de estricnina é obra!
ResponderEliminarEncontrei a referência aqui:
ResponderEliminarhttp://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=58865
O livro (que depois comprei) é muito interessante.
Obrigado,c.a.!
ResponderEliminarQuem disse que, de tão novo, nem tinha biografia?
ResponderEliminar«..., apenas génio!», o amigo Fernando Pessoa.
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