sexta-feira, 21 de maio de 2010

Bibliofilia 17 : José Daniel Rodrigues da Costa





Nem sempre bibliofilia coincide com qualidade literária. A bibliofilia persegue a raridade, quase sempre; o estudioso da literatura procura, sobretudo, a excelência dos textos.
José Daniel Rodrigues da Costa (1757-1832) terá nascido perto de Leiria e usou, arcadicamente, o nome literário de Josino Leiriense. Tem obra vasta e terá vivido, principalmente, da escrita, como Camilo mais tarde. Mas as suas obras, vendidas em fascículos semanais, quinzenais e mensais, deram origem a alguns "best-sellers", sendo o mais conhecido intitulado "Almocreve das Petas...". Pouquíssimos o estudaram e para além das referências de Inocêncio, há - tanto quanto eu saiba - pouco mais que um trabalho interessante e meritório de João Palma Ferreira, incluído em "Obscuros e Marginados", IN-CM (1980), com o título "Apontamentos sobre José Daniel Rodrigues da Costa e a Fortuna da Sátira" (pgs. 103/138). Contém uma preciosa bibliografia, embora com algumas lacunas. O facto de grande parte das obras de Rodrigues da Costa, tais como "Os Engeitados da Fortuna...", "Comboy de Mentiras..." ou "Portugal Enfermo..." terem sido publicadas em fascículos continuados contribuiu para a raridade de as encontrarmos completas. São, portanto, muito pouco frequentes, muito apetecidas e, normalmente, muito caras. Sendo, como João Palma Ferreira diz, J. D. Rodrigues da Costa pouco culto, os seus livros e poemas não são obra erudita, nem de grande excelência e qualidade literárias. São, porém, fáceis de ler, divertidas e dão uma interessante visão sociológica da época, com os seus maneirismos, tiques, modas e costumes.

P. S. : para MR - o prometido é devido.

4 comentários:

  1. Não conhecia este Cowboy de mentiras. Será que deu mote para o Almocreve das Petas, ou vicer-versa? Ele repetia-se um pouco...
    Obrigada.

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  2. Aparentemente, MR, "O Almocreve das Petas" é anterior (1797, 1798 e 1799) ao "Comboy de Mentiras" (1801), com 2º edição em 1820 que é a que eu tenho e reproduzo no poste.

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  3. não seria comboy? comboio? e não cowboy, que em portugues poderia ser o gajo das vacas...

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  4. Como pode ver pelo meu re-comentário a MR, a palavra correcta é, realmente, "comboy" que significava "navios com escolta de embarcações de guerra". Não se usa, meu caro vonGratz, para traduzir "cowboy" a sua expressão:"gajo das vacas". "Vaqueiro" é mais elegante e próprio.

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