segunda-feira, 24 de maio de 2010

Christine





Do tempo chegam memórias, às vezes, inesperadamente. Basta que regresse uma voz a interromper um silêncio, para que um capítulo do arquivo morto volte ao primeiro plano das imagens activas.
Nos finais dos anos quarenta do séc. XX, depois da II Grande Guerra, cerca de oito centenas de crianças austríacas - dadas as carências do seu país natal - foram acolhidas por famílias portuguesas e por cá ficaram até 1953. Aprenderam o português, vestiram à portuguesa, tomaram contacto com os costumes portugueses. Depois, regressaram à Áustria.
Hoje, um Amigo com quem já não falava há muito tempo, telefonou-me. E, o arquivo morto da memória, reabriu um capítulo esquecido.
P. S. : para F. J. V. C. F..

2 comentários:

  1. Amigo
    Mal nos conhecemos
    Inaugurámos a palavra «amigo».

    «Amigo» é um sorriso
    De boca em boca,
    Um olhar bem limpo,
    Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
    Um coração pronto a pulsar
    Na nossa mão!

    «Amigo» (recordam-se, vocês aí,
    Escrupulosos detritos?)
    «Amigo» é o contrário de inimigo!

    «Amigo» é o erro corrigido,
    Não o erro perseguido, explorado,
    É a verdade partilhada, praticada.

    «Amigo» é a solidão derrotada!

    «Amigo» é uma grande tarefa,
    Um trabalho sem fim,
    Um espaço útil, um tempo fértil,
    «Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

    Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'

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