Ontem, ao re-comentar um comentário, aqui no Blogue, utilizei uma palavra que faz parte de uma expressão popular e que, não lhe sabendo a origem, acho, pelo menos foneticamente, muito sugestiva. Trata-se da expressão dar-lhe um tranglomango, e fui procurá-la nos alfarrábios que por cá tenho.
Embora não cabalmente, valeu-me, uma vez mais, Alexandre de Carvalho Costa que, nas páginas 215/6 do seu primeiro volume ("Gente de Portugal - Sua linguagem - Seus costumes"), dá algumas achegas. O autor refere que o povo a usa para caracterizar uma morte repentina de que se não sabe a causa, ou um ataque de origem desconhecida.
Teófilo Braga e Carolina Michaelis também se teriam interrogado sobre o dito popular, mas sem concluir certezas quanto à origem. O primeiro inclina-se para que o vocábulo tanglomango designasse uma antiquíssima divindade de espírito maléfico; enquanto Carolina Michaelis a considera equivalente a tangro-mango ou tengo-mengo, e aponta o texto português em que, pela primeira vez, aparece. Precisamente no Cancioneiro Geral (1516), de Garcia Resende, numa cantiga de termos obscuros, feita por Álvaro de Brito Pestana, dirigida a Pero Borges, que diz assim:
"...Arisco gozo corrido,
Saro rravalco, mostrengo,
Não há mais num bexodido
Quase, quase tengo mengo. ..."
As informações não ajudarão muito, mas foi tudo o que consegui saber...
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