O ser humano, no seu afã de subjugar a natureza em suposto proveito próprio, esquece que as leis naturais são mais fortes e imprevisíveis do que a ciência e a técnica que pretendem dominar o universo.
Por razões de ordem familiar assisti, no passado e num lugar sabiamente denominado Confluentia pela confluência dos rios Reno e Mosela, à força das águas do Reno a reconquistar, de forma repentina, um espaço que sempre fora seu e que, actualmente, se encontra ocupado pela acção humana.
De um primeiro andar olhava-se para a invasão das águas do rio no pátio traseiro que, felizmente, se encontra bastante abaixo da implantação do edifício, afectando, em primeiro lugar, a cave. O desnível permitiu que saíssemos pelo próprio pé em vez de saltar para um bote dos bombeiros.
Numa outra ocasião, e porque a ameaça de cheias em Coblença é permanente e anual, acompanhei a fase pós-inundação. Junto das habitações encontravam-se os haveres estragados, como corpos desventrados. Aproximei-me, com profunda tristeza, de um monte de livros, empapados.
Ainda hoje guardo, como memória, algumas edições clássicas de Schiller, resgatadas no meio de um entulho que, dantes, fazia parte de um universo humano, familiar e cultural dos seus habitantes e que, infelizmente, se vieram a instalar, embora num lugar muito aprazível, em domínios que o rio reclama como seus.
Post de HMJ
Este post tocou-me particularmente. Não que já tenha estado em Coblença, mas porque vivo numa província conquistada às àguas há 38 anos, a 6 metros abaixo do nível do mar...
ResponderEliminarPara Presépio no Canal:
ResponderEliminarPois, a Holanda é um caso muito especial.